O Brasil é um país caro para visitar








O turismo fomenta a economia, gera empregos, atrai investimentos e estimula novos negócios. É uma das principais atividades no País. Contribui significativamente na composição do Produto Interno Bruto (PIB). No Paraná, o setor também é forte. Segundo a Secretaria de Turismo, no ano passado, cerca de 12 milhões de visitantes estiveram no Estado, movimentando R$ 2,6 bilhões. Somente em Londrina, foram realizados 470 mil desembarques no aeroporto da cidade. O número de turistas na rodoviária cresceu 11% no último ano.

''Aconteceram cinco mil eventos em Londrina, o que gerou aproximadamente R$ 60 milhões para a cidade em 2009'', afirma Diego Rigon Menão, gestor executivo do Londrina Convention & Visitors Bureau.

Segundo ele, apesar dos dados expressivos, o Brasil desperdiça seu potencial de turismo e há uma grande resistência em reconhecer Londrina como uma região turística. Para Menão, uma das principais falhas é a falta de articulação entre os setores público e privado e a carência de infraestrutura para captar turistas. ''A tendência é isso mude com a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas no Brasil. Os aeroportos vão se adequar, as estradas vão melhorar. Além disso, a imagem do Brasil vai se fortalecer lá fora'', diz o gestor executivo, que aponta Foz do Iguaçu, Curitiba e Londrina como cidades de melhor estrutura no Estado para o turismo.


Londrina tem estrutura adequada para sediar eventos de grande porte?
Sim. Temos outras estruturas que viabilizam eventos de grande porte. Contamos com uma rede hoteleira com 7 mil leitos, parque de exposições, centro de eventos, estrutura esportiva. Temos conseguido resultados interessantes. Por exemplo, as Olimpíadas Escolares trouxeram para cidade cerca de 4 mil pessoas, o que resultou em 11,8 mil diárias de hotéis e 5 mil diárias de veículos em 15 dias. O fluxo de negócios foi muito grande. Isso fez Londrina acordar para o seu potencial. O que nos falta é um centro de convenções.


Grandes eventos já deixaram de acontecer no município devido à falta de um centro de convenções?
Nós poderíamos ganhar eventos se tivéssemos o centro. Deixamos de candidatar a cidade quando vemos que não há estrutura suficiente para determinado evento. Com isso, a cidade perde de receber uma quantidade maior de turistas e toda a cadeia envolvida com o evento também perde: o comércio, a hotelaria, os bares e restaurantes e os prestadores de serviços. Além disso, a cidade deixa de ganhar tributos. Assim Londrina vai ficando um pouco distante mercadologicamente de outras cidades que têm o centro de convenções.
Já houve uma conversa entre o poder público e possíveis investidores para a construção desse espaço em Londrina. Precisa ter mais articulação para o negócio vir à tona. O centro precisa oferecer um espaço grande para receber pelo menos 2 mil pessoas e outros menores para eventos de menor porte. Eventos como congressos, inclusive internacionais, e seminários podem acontecer neste local que geralmente conta com espaços menores para que outros eventos aconteçam ao mesmo tempo. Houve uma conversa entre o poder público e possíveis investidores. Precisa de articulação para que o negócio venha à tona.


A cidade é voltada apenas ao turismo de negócios? Há atrativos para outros tipos de turistas?
Historicamente há uma resistência em reconhecer Londrina como uma região turística. A gente vem tentando quebrar esse paradigma. É fato que o turismo de negócios é o mais forte, mas há outros segmentos, como o técnico-científico, o turismo de compras, o de saúde - pessoas que vêm para a cidade para realizar tratamentos -, e o turismo rural e de agronegócio. Londrina recebe muitos estrangeiros que querem conhecer os centros de pesquisa e as propriedades rurais. Além disso, temos o turismo cultural. Existem oito festivais na cidade, que mobilizam uma demanda significativa.


Para Londrina se tornar uma cidade mais turística que tipo de investimento deve ser feito?
Nós precisamos de articulação dos poderes privado e público. Temos que investir no nosso maior potencial que é a paisagem, o meio rural, os recursos naturais. Com isso, fortalecemos o que já vem acontecendo. Hoje em dia o turista de eventos e de negócios também é motivado a vir para a cidade pelas opções de lazer, a relação que se tem com a natureza, as atividades culturais. O grande desafio é se articular para que o turista de negócios e de eventos fique mais alguns dias na cidade.


Por que o Brasil recebe menos turistas do que países que contam com menos atrativos?
O Brasil é tido como o terceiro país que mais desperdiça seu potencial de turismo no mundo, perdendo para os Estados Unidos e a Austrália. Isso acontece porque nós não temos a cultura do turismo. O Brasil é um país caro para visitar. Uma coisa é viajar pela Europa. Em poucas horas a pessoa está em um país vizinho e é tido como um turista estrangeiro. A França recebe 76 milhões de turistas anualmente. Outra coisa é vir para o Brasil, onde as conexões são difíceis, o preço é mais caro. O Brasil recebe pouco menos de 6 milhões de turistas estrangeiros por ano. Os dados são do Ministério do Turismo.
Além disso, o Brasil carece de infraestrutura para captar turistas. Temos aeroportos centralizados e que não estão preparados para um número maior de voos. Essa preparação tende a acontecer com a Copa do Mundo e com as Olimpíadas.


Então, a Copa e as Olimpíadas devem ter um impacto altamente positivo?
Os aeroportos vão precisar se adequar. O Ministério do Turismo divulgou uma nota dizendo que há 266 hotéis em construção no Brasil. As estradas tendem a melhorar. Sem contar que a imagem do Brasil vai se fortalecer lá fora. Quando o turista estrangeiro vai decidir a sua rota o Brasil concorre com os Estados Unidos, Europa, África, Nova Zelândia, Austrália, Japão. Se a imagem do Brasil se fortalecer a marca do país tende a ficar mais presente na cabeça da pessoa no momento em que ela escolhe seu destino. O apelo de estrutura turística será maior e o Brasil tende a ganhar muito com isso.
O Ministério do Turismo estima que esses eventos vão gerar 500 mil turistas de fora para o país. O Brasil tem avançado muito no que diz respeito aos turistas estrangeiros, mas também há crescimento do turismo interno.


E, no Paraná, quais as cidades que oferecem melhor estrutura para receber turistas?
Sem dúvida Foz do Iguaçu, Curitiba e Londrina. Foz não é expoente apenas no Estado e sim em todo o Brasil e internacionalmente. É a sexta cidade que mais recebe turistas estrangeiros do mundo. Curitiba é a capital e o apelo como cidade turística é muito forte. Londrina - devido ao seu porte, importância regional e estrutura - é alçada como o terceiro destino. Isso não quer dizer que outras regiões do Estado não estão se destacando.