Por que tirar os palotinos da região de Londrina?
PUBLICAÇÃO
sábado, 17 de junho de 2023
Silvia Guimarães e Leandro César Nabhan
Muitos leram o livro Memórias Póstumas de Brás Cubas por obrigação, deste modo não gostaram e nem se lembram de nada. O falecido Brás Cubas narra a sua vida descrevendo de modo cru e deliciosamente irônico a própria mediocridade. É um incômodo convite a olharmos nossa mediocridade pessoal e daqueles que nos cercam. Vamos então refletir sobre uma situação dramática que estamos vivendo.
O senhor arcebispo tem se movimentado para acabar com a presença dos padres palotinos na região. Eles fazem parte da nossa história, fundaram a fé junto com os xaverianos e o PIME. O primeiro pároco de Londrina foi o palotino Pe. Carlos Dietz.
Os palotinos estão aqui há quase 100 anos realizando seu apostolado: missas, novenas, casamentos, batismos, obras de caridade, etc. Não buscam protagonismo, nem entram em polêmicas políticas, tampouco fazem vídeos pedindo votos para candidatos. Eles se interessam tão somente em atender bem os fiéis para levá-los à vida eterna, como Deus manda.
Obviamente é um absurdo o arcebispo cogitar a saída dos palotinos, ainda mais quando alega que precisa realocar seu excedente de sacerdotes diocesanos, quando na verdade todos sabemos que muitas paróquias diocesanas são mal atendidas justamente por não haver padres.
Várias comunidades e capelas na periferia não têm missa por falta de padres. Faltam padres para atender confissões, assistir doentes, etc. A situação é trágica nos velórios, onde, por enquanto, o único que ainda não saiu à procura de padre foi o morto.
Porém, dentro da mediocridade reinante, é feio criticar a insensata decisão do arcebispo. Não é de bom tom! O debate público só é permitido se a parte contrária ao autoritarismo do bispo se apresentar com palavras melífluas, mansidão e o maior cuidado possível para não ofender aquele que, numa canetada ‘santa’, anseia cancelar a história de toda a região.
Já a parte favorável, vocifera livre e selvagemente, sem freios na língua e ainda posa como modelo de virtude e humildade - ficam muito à vontade encenando um bom mocismo de meias verdades na rádio mantida com o dízimo dos fiéis, os mais prejudicados na história.
É constrangedor perceber a intenção de mascarar com beleza e doçura uma ação ditadora e sem misericórdia. Que tal, só para variar, tratarmos este caso com razão e bom senso? E a escuta do povo? O espírito sinodal só vale para adulterar a doutrina de dois mil anos e para cancelar a moral católica?
Silvia Guimarães, engenheira; e Leandro César Nabhan, empresário, de Londrina
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