Muito comentado nas redes sociais, jornais e portais de notícias nas últimas semanas, o termo “quiet quitting”, que pode ser traduzido como demissão silenciosa, tem sido aderido por diversos profissionais ao redor do mundo, principalmente por aqueles que pertencem a geração Z (pessoas nascidas entre a metade dos anos 1990 até o início de 2010) e a Y/millenials (nascidos entre 1981 e 1995).

Ele surgiu em um fórum na comunidade Reddit durante a pandemia de Covid-19 e incitou várias discussões sobre reformas no ambiente corporativo, que é conhecido por exigir demais dos trabalhadores no geral, apoiando pensamentos como “trabalhe enquanto eles dormem” e outros comportamentos que acabam sendo nocivos quando mal administrados, resultando em problemas como depressão, ansiedade e síndrome de Burnout.

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Porém, ao contrário do que a tradução literal indica, não se trata de um movimento ligado a pedidos de demissão, mas sim uma postura de estabelecer limites entre vida pessoal e profissional e executar apenas as funções para as quais foi contratado e que fazem sentido com o cargo ocupado.

Apesar do nome impreciso, que abre espaço para má interpretação e descredibilização do movimento, ele é apenas mais uma das correntes que surgiu nos últimos anos dentro do universo corporativo com o intuito de transformar o mercado de trabalho, tornando-o menos cansativo e estressante para os trabalhadores e colocando a saúde mental e física acima da produtividade.

Segundo uma pesquisa recente da OMS (Organização Mundial da Saúde), aproximadamente um bilhão de pessoas ao redor do mundo apresentaram transtornos mentais em 2019, e em 2020, primeiro ano da crise sanitária, doenças como depressão e ansiedade cresceram mais de 25%.

Outros dados da American Psychological Association mostram que a síndrome de Burnout e o estresse entre os profissionais alcançaram níveis que nunca foram vistos, o que acendeu um alerta vermelho nas organizações e na sociedade como um todo.

O fato é que há ainda um medo muito grande por parte dos trabalhadores de falar sobre saúde mental no trabalho, principalmente nas companhias que não contam com iniciativas focadas em melhorá-la. E quando surge um movimento como o "quiet quitting", muitos já se posicionam contrários a ele sem ao menos tentar entender por que de fato ele está sendo aderido por tantas pessoas.

Para que alcancemos um equilíbrio entre vida pessoal e profissional e as empresas não percam no quesito produtividade dos colaboradores, motivação para trabalhar e engajamento com os colegas e com o propósito do negócio, os líderes e gestores precisam investir ainda mais em ações voltadas à saúde mental e lazer.

Talvez o "quiet quitting" não seja a melhor forma de lidar com essa situação, mas seu sucesso é um indicador de que há questões que precisam ser melhoradas. Por isso, cada vez mais as empresas devem se preocupar com esse momento que estamos vivendo e, mais do que isso, a gestão deve se aproximar do seu time para entender os seus anseios e necessidades.

Mateus Magno é CEO da Sambatech e Samba Digital

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