Poluição ambiental crônica e acidental
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 10 de outubro de 2000
A mídia desenvolve papel muitíssimo importante, divulgando com ênfase os desastres ecológicos com o lançamento acidental de substâncias extremamente mortais para toda nossa fauna, não só marinha, mas agora para os nossos rios, como recentemente em Araucária. Os desastres acontecem por incúria ou sabotagem. E neste último caso a Petrobras, nossa empresa ainda estatal (orgulho nacional, como já dizia Monteiro Lobato) insistia que o Brasil teria um imenso lençol pretrolífero constatado agora na Bacia de Campos e em outros locais com a tecnologia das mais apuradas, inclusive para um know how reconhecido em todos os países produtores deste combustível fóssil. É de salientar o esforço para se colocar agora tranca de ferro (casa arrombada, tranca de ferro), porque já houve prejuízo, que se diluiu no momento do custo deste precioso combustível, e que nós, povo, temos que pagar. Não será necessário insistir para que as TVs, os jornais e as rádios divulgem detalhes, inclusive chocantes, da mortandade em massa de espécies fluviais e marinhas.
Poluição acidental ocorre por navios petroleiros, e pelas conexões de distribuição do óleo ou petróleo pelas destilarias. As causas devem ser investigadas até à exaustão. Empresas que por razões de sua precária organização têm que ter a maior de todas as cautelas como a proteção do meio ambiente não o fazem. E aí entram recomendações dos tratados de higiene e saúde pública, quanto a saneamento básico que devem ser utulizadas, e incorporarem recomendações, as mais explícitas e às vezes, de cunho extremamente práticas e econônicas para prevenção.
O tema é longo e apaixonante, e vem de tempos imemoráveis na história da humanidade. Mas há, também, outro tipo de poluição, tão séria ou mais séria do que a poluição dos adutores de esgoto sanitário. É a poluição crônica, aquela que ocorre pela ignorância, ou pelo analfabetismo, ou pela falta de um programa nacional para nós, povo um programa absolutamente prático procurando a colaboração da população.
Os exemplos está aí fortemente divulgados mas não aplicados, não parecendo muito simples. Aquele comunicador, o professor Marins, insiste que devemos simplificar nossas ações, citando vários exemplos de atitudes erradas que fazem desmoronar as soluções que se encontram à vista.
Londrina, por exemplo, é servida por uma rede de esgotos para águas pluviais e outras, como a resultante do desperdício dos postos de combustíveis, que ocorre em mistura com óleo e vai para a galeria e destas, acidentalmente, para nossos mananciais e fundos de vales. Com isso, as águas se dirigem para afluentes que acabam no nosso glorioso Rio Tibagi, que abastece a cidade.
Mas hoje podemos falar do Igapó, este lago lindíssimo que enfeita, emoldura a face sul de Londrina. O Igapó recebe uma carga poluidora crônica há muitos anos, agora agravada pelas enxurradas, que leva detritos com facilidade devido à inclinação sul da cidade.
O resultado é catastrófico e imediato. Há pouco tempo morreram até garças e patos que viviam nas margens do Igapó. Não se concebe no momento atual em que a mídia não tenha uma programação uniforme de cunho prático, no sentido educativo, num mundo que aumenta em proporção geométrica sua população, como Índia, China, Indonésia, países africanos recentemente desvinculados de seus tutelos de proteção de países desenvolvidos, quando da doutrina da antideterminação dos países africanos e do Sudeste asiático e da Oceania.
Os países ou continentes que assimilam a civiização ocidental, desde as conquistas democráticas a partir da Constituição americana, evoluíram em ciência e tecnologia, e o culto da democracia tem sido a grande salvaguarda ética que pode trazer melhorias para os povos ainda no barbarismo de tabus e crenças que lhes tolhem o progresso material, espiritual e científico.
A poluição ambiental é a consequência de um mundo que progride sem fronteiras. É mister termos lideranças confiáveis, para não deteriorarmos mais o nosso Planeta, que já manifesta sintomas claros de grandes alterações climatológicas com consequências funestas para nós, míseros mortais.
- JOÃO DIAS AYRES é médico, ex-diretor do Departamento de Saúde Estadual e ex-chefe do 17º Distrito Sanitário de Londrina