Planejamento é essencial para os municípios
Ao longo de um século, Paraná terá mudanças consideráveis na distribuição populacional entre os municípios. Políticas públicas devem estar atentas ao longo prazo
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 06 de janeiro de 2025
Ao longo de um século, Paraná terá mudanças consideráveis na distribuição populacional entre os municípios. Políticas públicas devem estar atentas ao longo prazo
Folha de Londrina
Uma análise das transformações demográficas ocorridas no Paraná ao longo de um século revela um cenário de mudanças na distribuição populacional entre os municípios. Segundo o estudo recente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), apenas oito dos vinte municípios mais populosos em 1950 deverão permanecer nesse grupo em 2050. Essa dinâmica demográfica é um reflexo das transformações econômicas, sociais e geográficas que moldaram o estado ao longo do tempo.
Em entrevista à FOLHA, o professor Fábio Cunha, doutor em Desenvolvimento Regional e Metropolização, destaca que as transformações demográficas no Paraná refletem uma complexa interação entre fatores naturais, econômicos e políticos. Segundo ele, a localização estratégica de determinados municípios e as vantagens comparativas, como infraestrutura e economias de aglomeração, foram determinantes para a ascensão de cidades como Londrina e Maringá. Por outro lado, fatores como a mecanização da agricultura e o redirecionamento de rodovias influenciaram diretamente o declínio de outros municípios. Essas dinâmicas mostram que a demografia é uma peça central no planejamento regional.
O caso de Londrina é emblemático. Em 1950, a cidade tinha menos habitantes que Mandaguari e Apucarana, mas a partir dos anos 1970 consolidou-se como o maior município do interior do Paraná. Essa posição deve se manter até o bicentenário do estado, em 2053, com uma população projetada de mais de 576 mil habitantes. Outras cidades também passaram por transformações significativas: enquanto Cascavel e Toledo emergiram como importantes centros regionais, municípios como Clevelândia e Mandaguari perderam expressividade demográfica.
Essas mudanças destacam a importância de considerar a demografia como uma ferramenta essencial para o planejamento público. A distribuição populacional afeta diretamente a qualidade de vida e a alocação de recursos em diversas áreas, como saúde, educação, transporte público e segurança. Planejar de forma eficiente requer um olhar atento para as projeções demográficas, garantindo que os municípios estejam preparados para atender às necessidades futuras de suas populações.
Um exemplo prático é o transporte público. Dados demográficos ajudam a projetar rotas e a necessidade de integração entre municípios, reduzindo custos e otimizando o deslocamento da população. Consórcios intermunicipais, como os voltados para a gestão de resíduos sólidos ou a saúde, também dependem desses estudos para operar de forma eficaz. Na segurança pública, conhecer as áreas de maior densidade populacional permite um melhor planejamento de efetivos e instalação de bases policiais.
O Masterplan de Londrina é um exemplo de iniciativa voltada para o futuro, utilizando dados para nortear políticas de desenvolvimento urbano e econômico. Esse tipo de planejamento é fundamental para que as cidades não apenas cresçam, mas também ofereçam condições de vida dignas para seus moradores. O Estado do Paraná, por sua vez, deve fomentar um planejamento integrado que evite o inchaço dos grandes centros e promova uma distribuição equânime de oportunidades e infraestrutura em todas as regiões.
O estudo do Ipardes é uma ferramenta importante para pensar o Paraná que desejamos para 2050. Ao identificar tendências e apontar desafios, ele fornece subsídios para construirmos um estado mais equilibrado e preparado para o futuro.
Obrigado por ler a FOLHA!