Uma análise das transformações demográficas ocorridas no Paraná ao longo de um século revela um cenário de mudanças na distribuição populacional entre os municípios. Segundo o estudo recente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), apenas oito dos vinte municípios mais populosos em 1950 deverão permanecer nesse grupo em 2050. Essa dinâmica demográfica é um reflexo das transformações econômicas, sociais e geográficas que moldaram o estado ao longo do tempo.

Em entrevista à FOLHA, o professor Fábio Cunha, doutor em Desenvolvimento Regional e Metropolização, destaca que as transformações demográficas no Paraná refletem uma complexa interação entre fatores naturais, econômicos e políticos. Segundo ele, a localização estratégica de determinados municípios e as vantagens comparativas, como infraestrutura e economias de aglomeração, foram determinantes para a ascensão de cidades como Londrina e Maringá. Por outro lado, fatores como a mecanização da agricultura e o redirecionamento de rodovias influenciaram diretamente o declínio de outros municípios. Essas dinâmicas mostram que a demografia é uma peça central no planejamento regional.

O caso de Londrina é emblemático. Em 1950, a cidade tinha menos habitantes que Mandaguari e Apucarana, mas a partir dos anos 1970 consolidou-se como o maior município do interior do Paraná. Essa posição deve se manter até o bicentenário do estado, em 2053, com uma população projetada de mais de 576 mil habitantes. Outras cidades também passaram por transformações significativas: enquanto Cascavel e Toledo emergiram como importantes centros regionais, municípios como Clevelândia e Mandaguari perderam expressividade demográfica.

Essas mudanças destacam a importância de considerar a demografia como uma ferramenta essencial para o planejamento público. A distribuição populacional afeta diretamente a qualidade de vida e a alocação de recursos em diversas áreas, como saúde, educação, transporte público e segurança. Planejar de forma eficiente requer um olhar atento para as projeções demográficas, garantindo que os municípios estejam preparados para atender às necessidades futuras de suas populações.

Um exemplo prático é o transporte público. Dados demográficos ajudam a projetar rotas e a necessidade de integração entre municípios, reduzindo custos e otimizando o deslocamento da população. Consórcios intermunicipais, como os voltados para a gestão de resíduos sólidos ou a saúde, também dependem desses estudos para operar de forma eficaz. Na segurança pública, conhecer as áreas de maior densidade populacional permite um melhor planejamento de efetivos e instalação de bases policiais.

O Masterplan de Londrina é um exemplo de iniciativa voltada para o futuro, utilizando dados para nortear políticas de desenvolvimento urbano e econômico. Esse tipo de planejamento é fundamental para que as cidades não apenas cresçam, mas também ofereçam condições de vida dignas para seus moradores. O Estado do Paraná, por sua vez, deve fomentar um planejamento integrado que evite o inchaço dos grandes centros e promova uma distribuição equânime de oportunidades e infraestrutura em todas as regiões.

O estudo do Ipardes é uma ferramenta importante para pensar o Paraná que desejamos para 2050. Ao identificar tendências e apontar desafios, ele fornece subsídios para construirmos um estado mais equilibrado e preparado para o futuro.

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