Durante o ano de 2005 pesquisei, em arquivos da cidade, material sobre a reforma da Praça Matriz de Londrina em 1943. Não encontrando citação sobre a bandeira “Inglesa” ou do “Reino Unido”, concluí que aquela era uma forma tradicional, funcional, de praças em frentes de colonização. Sobre a denominação de Praça da Bandeira, o fato de bandeiras de nações amigas serem fincadas nos pilares de pedra ao longo da avenida Paraná (Yamaki, 2006).

Passados 20 anos, uma nova mirada. O resgate da Planta do Registro de Imóveis (1936), Planta de Londrina DOP PML (1938) e Planta do Município de Londrina (Beltrão 1938) permite observar que já traziam o traçado interno de praças em forma de asterisco. Tinham a sobreposição de elipse, losango e retângulo.

Contraponto. O patrimônio de um Núcleo Colonial planejado pela Brasil Plantations Syndicate BPS na Linha Noroeste SP trazia como traçado a bandeira do Reino Unido. Apresentava assim largura de ruas internas variadas como na geometria de referência. Ficava na avenida Britannia. Com a transferência do empreendimento para a CTNP em 1938, o traçado foi simplificado. Permaneceu, todavia, o nome avenida Britannia. O traçado simplificado e o nome Brittania podem ser marcas de herança britânica identificáveis na morfologia e toponímia.

Voltando a Londrina. Podemos afirmar que a morfologia de praças nas plantas de Londrina 1936 e 1938 seguem a geometria simplificada da bandeira do Reino Unido. Na aerofoto de 1949, além da Praça Marechal Floriano, mais duas praças (Willie Davids e Gabriel Martins, antes simples canteiros) tem traçado com referência à bandeira.

Londrina tem o nome da cidade e o traçado de praças como “herança britânica”.

Apesar dessa importância, a Praça da Matriz passou por momentos tormentosos. A construção de um sanitário público que ocupa 1/ 4 da área, uso do mastro do Altar da Pátria como suporte de árvore de Natal, bancos bola originais substituídos, tentativa de construção de acessos nas laterais desconstruindo a forma da bandeira, a pintura multicor do mobiliário, etc.

Londrina precisa reaprender a valorizar, preservar e respeitar seus símbolos.

Humberto Yamaki, arquiteto em Londrina

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