Pedágio no Paraná: a chance de fazer diferente
Motoristas paranaenses passaram 20 anos pagando muito e recebendo pouco em termos de qualidade de serviço
PUBLICAÇÃO
sábado, 28 de junho de 2025
Motoristas paranaenses passaram 20 anos pagando muito e recebendo pouco em termos de qualidade de serviço
Folha de Londrina
Quase quatro anos depois da desativação das praças de pedágio paranaenses que formavam o Anel de Integração, os motoristas que trafegarem pelas estradas da chamada Malha Norte voltarão a pagar pedágio neste sábado (28). Trata-se do Lote 3 das Rodovias Integradas do Paraná, que abrange 569 quilômetros e passa por 21 municípios, entre eles, Londrina, Cambé, Ibiporã, Tamarana, Mauá da Serra, Arapongas e Apucarana. Os valores das tarifas variam entre R$ 11,80 e R$ 12,80 para carros de passeio.
O trecho pedagiado faz a ligação do Norte do Estado com o eixo rodoviário da BR-277, chegando até o Porto de Paranaguá. O contrato de concessão inclui trechos de sete rodovias.
A gestão do Lote 3 é feita pela CCR PRVias, que administrará as cinco praças de pedágio existentes, em Ortigueira, Sertaneja, Imbaú, Witmarsum e Tibagi. Outros dois postos de cobrança deverão ser instalados, em Mauá da Serra e em Tamarana. As duas novas praças deverão estar prontas para funcionamento em até 12 meses a partir da assinatura do contrato de arrolamento do Lote 3 à PRVias, que ocorreu em 8 de maio de 2025.
No último dia 16 de maio, a CCR iniciou o SAU (Serviço de Atendimento ao Usuário), com a disponibilização de 13 bases operacionais, socorro médico e mecânico 24 horas e a realização das obras iniciais previstas em contrato. Neste período que antecedeu o início da cobrança das tarifas, também foi feito o trabalho de orientação dos motoristas.
Em 28 de novembro de 2021, com o encerramento dos antigos contratos, que vigoraram por 24 anos, a expectativa era de que as praças voltassem a funcionar em 2022, mas atrasos no cronograma dos leilões dos lotes retardaram o retorno da cobrança das tarifas.
No final dos anos 1990, quando as praças de pedágio do antigo Anel de Integração, idealizado pelo então governador Jaime Lerner, começaram a funcionar, a malha rodoviária paranaense estava em péssimo estado. A conservação da pavimentação teve melhorias importantes, mas logo depois as tarifas subiram a tal ponto que ficaram incompatíveis com a estrutura oferecida pelas concessionárias.
Os motoristas paranaenses passaram 20 anos pagando muito e recebendo pouco em termos de qualidade de serviço. Para agravar ainda mais a indignação dos cidadãos, uma investigação do Ministério Público Federal revelou um esquema que teria desviado ao menos R$ 8,4 bilhões por meio do aumento de tarifas de pedágio do Anel de Integração, e de obras rodoviárias não executadas. Entre os réus estavam representantes de concessionárias e agentes públicos.
Livre das amarras daquele antigo contrato de concessão, o paranaense espera hoje ser atendido com a qualidade condizente com o que está pagando. A nova fase do pedágio representa uma oportunidade de corrigir os erros do passado e estabelecer um modelo de concessão mais justo, transparente e eficiente.
Para que isso aconteça, é fundamental que o poder público fiscalize com rigor o cumprimento dos contratos, que a concessionária preste contas com clareza e, sobretudo, que a sociedade acompanhe de perto cada etapa do processo.
O pedágio não pode ser mais um sinônimo de abuso e de corrupção, lembrança muito nítida que o paranaense guarda na memória. Ele deve ser, enfim, um instrumento de melhoria real da infraestrutura viária e da segurança nas estradas.
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