Ouro para a Embrapa Soja


Rubens Niederheitmann

Há meio século, a cultura da soja era praticamente uma curiosidade em nosso País. Com uma produção nacional inferior a 30 mil toneladas de grãos, o Brasil mal figurava nas estatísticas internacionais. A produtividade média das lavouras não passava dos 1.000 kg/ha e a indústria de processamento era quase inexistente.
Passados 50 anos, produzimos 31 milhões de toneladas, somos o segundo produtor mundial, com 20% da produção global, e os rendimentos se aproximam dos 2.400 kg/ha. A indústria de processamento tem capacidade para esmagar mais de 35 milhões de toneladas/ano. Anualmente, as exportações brasileiras do complexo soja contribuem com mais de US$ 5 bilhões em receitas cambiais diretas (10% do comércio exterior) e somam outros US$ 50 bilhões os benefícios indiretos gerados ao longo da sua extensa cadeia produtiva.
O impacto do agronegócio da soja sobre o Brasil Moderno, só encontra paralelo com o fenômeno da cana-de-açúcar, no Brasil colônia e do café, no Brasil Império. Tal fenômeno poderia levar-nos a perguntar: afinal, o que provocou esta expansão da soja, Brasil afora, principalmente nas três últimas décadas?
Muitos fatores contribuíram para tal acontecimento, mas um merece destaque: a geração de tecnologia. O desenvolvimento de tecnologias adaptadas à realidade brasileira, por parte das instituições nacionais de pesquisa, e a adoção de mais insumos tecnológicos por parte dos produtores, são um dos principais motivos que tornaram competitiva a produção de soja no atual contexto econômico.
Mas a quem creditar tão significativos avanços tecnológicos protagonizados pela soja, responsável por tantas transformações positivas para Brasil? Muitos contribuíram, mas ninguém se destacou tanto quanto os cientistas da Embrapa Soja, instituição que hoje, 16 de abril, comemora 25 anos de existência, instalada em Londrina.
Comemorar o Jubileu de Prata, no entanto, não significa muita coisa. Indica, apenas, que a Embrapa Soja existe há 25 anos. O que importa lembrar, numa oportunidade como esta, não são os anos vividos e sim os êxitos conquistados. E nesse particular, a Embrapa Soja tem o que comemorar, com as tecnologias geradas e difundidas no Paraná (e também no Brasil).
O desenvolvimento de cultivares adaptadas às principais regiões do País, programas como o de redução de perdas na colheita e o manejo integrado de pragas foram algumas das inúmeras tecnologias lançadas, que tivemos a oportunidade de acompanhar a aplicabilidade, a eficiência, os benefícios e o retorno econômico que trouxeram para a sociedade. Além disso, a diversificação dos programas de pesquisa, como a inclusão do girassol e do trigo são importantes contribuições desta instituição.
A interação Embrapa Soja e Emater-Paraná tem rendido muitos frutos para a agricultura. E é com muita satisfação que mantemos nossa parceria. O trabalho de pesquisa da Embrapa Soja fornece a base tecnológica para o desenvolvimento da agricultura e a Emater faz a suplementação desse trabalho, levando ao produtor as tecnologias e fornecendo à Embrapa informações para que a pesquisa consiga suprir as necessidades dos agricultores. Parabéns Embrapa Soja e feliz aniversário. Saudações extensionistas!
- RUBENS NIEDERHEITMANN é engenheiro agrônomo e diretor-presidente da Emater/PR