Os responsáveis pela crise Oilson Nassar Ribas Vemos o nosso País com muita preocupação e indignação, em função dos reflexos dessa política enganosa e devastadora contra a dignidade, o respeito e o direito de seus cidadãos. Fazer o que é obrigação, o que é certo e esperado especialmente da classe política, é como se fosse o impossível e estivessem fazendo algum favor ao povo e À sociedade. É tanta mentira, falcatruas, manipulações, subornos, desvios e roubalheira, que já transformaram o Brasil num grande balcão de negócios escusos e em cartéis do crime organizado. São tantos indivíduos entre todos os escalões que atuam e desfilam junto a sociedade como se fossem cidadãos de bem, usando de influência e privilégios para abocanhar uma grande fatia do bolo sem fornecer o mínimo de ingredientes com trabalho honesto e postura íntegra e coerente. Agem com cinismo, sem pudor. Estão sempre maquinando, elaborando planos diabólicos para enganar, falsificar, usurpar e lesar. Usam seus cargos, meios e condições para tirar vantagens criminosas, seja contra pessoas, empresas ou o patrimônio público, que por extensão nos afeta diretamente. Existem também os corruptores entre empresários e grupos econômicos que para tirarem vantagens em troca de concessões e benefícios, financiam campanhas eleitorais, fazendo acordos escusos, com recebimento de dinheiro público. O povo e a sociedade só recebem justificativas e desculpas esfarrapadas, mas pouca solução real e concreta, devido à nossa legislação, à burocracia engendrada nesses longos anos e à conduta indiferente, pouco eficiente e até omissa, quando não conivente da autoridade competente. Justamente aqueles a quem compete uma posição firme, inabalável, responsável e exemplar, mostram-se manipulados e incapazes. Com isso, os adversários do bem e da ordem atuam mais livre e eficazmente a seu favor. É preciso tolerância zero para a impunidade, a criminalidade e o banditismo, especialmente os crimes de colarinho branco. A corrupção, a malversação do dinheiro público e a sonegação fiscal somam a astronômica quantia acima de R$ 50 bilhões anuais. Só essa quantia seria suficiente para realizar os programas sociais indispensáveis, amenizando o sofrimento de nossos irmãos, estancando os graves problemas que os ditos homens públicos não conseguiram e nem querem equacionar. Ao contrário, suas atuações só resultaram em privilégios, mordomias e enriquecimento ilícito para eles e agravamento da crise para a maioria da população. O que mais nos deixa indignados é nosso País, embora sendo um dos mais ricos do mundo, em suas potencialidades e recursos naturais, chegar a uma dívida externa e interna que passa dos R$ 500 bilhões, sendo que os juros pagos anualmente chegam a casa dos R$ 90 bilhões. Isso é uma evasão de divisas como um câncer gigante e incurável contra a população e a economia, representando sacrifícios de um lado e irresponsabilidade do outro. Isso não é apenas uma gravidade e um absurdo, mas um dos mais graves crimes contra os 40 milhões de brasileiros sujeitados, que vivem como miseráveis. A ansiedade e a preocupação são a ferrugem da vida. Aniquilam o ser humano com a pior forma de escravidão: a desesperança, o desânimo e o pessimismo. Tudo isso é reflexo da crise moral gerada pela corrupção e a impunidade, gerando as demais crises. Enquanto isso, os políticos que elegemos para fazer as reformas de que o País tanto necessita, continuam remendando aquilo que já está ruim, com argumentos, interesses e justificativas evasivas. É o máximo de irresponsabilidade e antipatriotismo. Eles só buscam seus interesses pessoais do que aos anseios e bem-estar geral de seu povo, a quem deveriam representar com total imparcialidade, ética e lisura, pois são pagos para isso e bem pagos. Porém, como sempre legislaram, aumentando seus vencimentos em até 100%, como podem ter ética e sensibilidade para apresentar e votar projetos de interesse da população? Como é que iremos erradicar a pobreza e reduzir a níveis aceitáveis a insegurança, a criminalidade e estancar a corrupção no Brasil, se o mau exemplo vem de cima para baixo? Não podemos continuar com o Brasil de 500 anos de desmandos e oportunismo. É imperativo um programa de governo onde a prioridade seja a pessoa humana com oportunidades para todos e não um sistema para poucos privilegiados que estabelecem regras em causa própria. Falta na maioria da classe política sentimentos de respeito ao próximo e autêntico temor a Deus. O único princípio aceitável numa sociedade decente é a probidade de seus governantes. Um homem sem integridade e caráter não pode ter credibilidade como homem público, muito menos como líder, em qualquer esfera. O verdadeiro líder não se vende e não tem preço. Sua idoneidade está acima de qualquer coisa. Não busca seu interesse, mas serve com o puro amor de Cristo. É inconcebível termos um número tão grande de representantes e poucos líderes polidos ética e espiritualmente. Como pessoas de bem, não é mais possível assistirmos passivos e indiferentes. Onde está a função do Poder Judiciário? A reforma de que o Brasil realmente precisa é a reforma moral. Será que nossas instituições estão falindo ou o crescimento do mal tornou-se tão grande e grave que nos amedronta e intimida? O grande fórum que devemos debater é a moralidade pública, seus caminhos e consequências. O nosso futuro com mais igualdade e justiça social depende de nossas atitudes no presente. - OILSON NASSAR RIBAS é clérigo em Londrina