O coronavírus atinge a todos, mas a população pobre é a mais vulnerável. Pesam as condições sanitárias inadequadas, a falta de espaço nas casas para acomodar as pessoas doentes e o impacto que a restrição social terá para famílias que vivem na informalidade.

A FOLHA traz hoje reportagem que mostra as consequências da covid-19 na periferia de Londrina e a preocupação da população com a falta de dinheiro e com o avanço do novo vírus pelo Brasil.

O isolamento social já era um problema para as camadas mais pobres. Agora, a restrição social também traz a necessidade de encontrar meios de sobrevivência. A solidariedade nunca foi tão necessária.

De acordo com a pesquisa do Data Favela/Locomotiva, realizada entre os dias 20 e 22 de março, 78% dos moradores de 262 favelas de todo o País conhecem alguém que já teve diminuição de renda por conta da pandemia. Em Londrina, trabalhadores informais e autônomos diariamente decidem qual risco tomar, o de contrair a doença ou o de não ter o que comer em casa.

Ainda de acordo com o Data Favela/Locomotiva, o trabalho é a principal fonte de renda dos moradores das comunidades (somando 71%), ficando acima das taxas de auxílios sociais, seguro desemprego, pensões e doações. A pesquisa ainda aponta que 86% dos moradores de comunidades teriam dificuldade para comprar comida se tivessem que ficar em casa sem renda e 72% não conseguem manter o padrão de vida por tempo algum, porque não têm recursos guardados.

Do rico ao pobre, a pandemia do coronavírus terá que reviver no ser humano o caráter da solidariedade. As empresas de todos os tamanhos precisarão da ajuda do poder público, assim como o cidadão que precisará de ajuda para a comprar a cesta básica, para pagar o financiamento da casa e as contas de energia, telefone e internet.

Ações de solidariedade já estão sendo vistas desde que o vírus foi detectado pela primeira vez no Brasil. Doações de particulares para o SUS, hospitais, arrecadação de alimentos e produtos de higiene e limpeza para os mais carentes. Há quem doe tempo, com orientação emocional on-line para as pessoas mais angustiadas com a situação, há quem faça compras para o vizinho que pertence ao grupo de risco.

O isolamento social não significa afastar a nossa capacidade de bem-querer. As atitudes positivas precisam ser mais contagiantes do que o vírus.

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