Porque, não devem, a matéria e a energia escuras, existir.

O universo, na crença de muitos estudiosos atuais, tem geometria plana, e tamanho infinito.

Chegaram a esta conclusão após as descobertas no início do século passado da teoria da relatividade e da teoria quântica. Teorias essas que revolucionaram a física, a astrofísica e a cosmologia atual

As teorias da relatividade e quântica foram com certeza um grande avanço da nossa ciência no entendimento da realidade, mas trouxeram em contrapartida muitas dúvidas, e também novas hipóteses, algumas puramente teóricas, sem nenhuma base, ou comprovação, na realidade.

Contribuiu ainda para chegarem a essa conclusão do universo plano e infinito a descoberta de uma matemática também puramente teórica.

Essas três teorias servem de base para explicar, ou pelo menos tentar explicar, o formato plano e o tamanho infinito do universo.

Os últimos resultados obtidos por nossos potentes instrumentos da velocidade de galáxias distantes, entendida como a velocidade de expansão do universo, surpreenderam toda ciência.

As tremendas velocidades com que esses enormes objetos se deslocam, se afastando de nós - muito superior ao esperado - não guardam nenhuma coerência lógica com a quantidade de massa e de energia que calculávamos existir no universo.

Era preciso resolver essa incoerência.

A solução encontrada foi aumentar as quantidades de matéria e de energia existentes, e dar a esse excedente o nome de “energia e matéria escuras”. Com esse acréscimo, a coerência foi resgatada, foi recuperada. Para a ciência essa coerência é vital e a simples criação da ideia da existência da matéria e da energia escuras resolveu o problema.

Mas criou outro. Agora é preciso encontrá-las. E estamos nos esforçando, mas ainda não obtivemos êxito.

Na base desse raciocínio estão as duas forças descritas na teoria da reatividade, a massa, que atrai, e a energia, que expulsa. O jogo dessas duas forças está no âmago da teoria da existência da massa e da energia escuras.

De modo que podemos entender que, a necessidade de coerência surgida após os resultados surpreendentes dos nossos experimentos deu origem à hipótese da existência da massa e da energia escuras.

Ora, na disciplina de iniciação à investigação científica que tive no colégio podíamos dizer que isto é a inversão completa do método que se usa na própria investigação científica. Como diria meu amigo filósofo de boteco, “é o rabo abanando o cachorro”.

O caminho usual do método científico deveria ser usarmos nosso raciocínio e nossos experimentos para explicar a realidade, e não, criar uma realidade fictícia para explicar nosso raciocínio e os resultados dos nossos experimentos.

Chegamos a esse ponto na nossa ciência. Criamos uma realidade, até aqui fantasiosa, pra explicar os resultados dos nossos experimentos científicos. Esse é o caminho trilhado por nossa ciência atual, ou pelo menos, o que estamos entendendo dela.

Talvez estejamos, com esse pensamento, na “contramão” da ciência verdadeira.

E é aí onde proponho uma reflexão.

As velocidades observadas são tão altas, e se repetem esses resultados, que proponho investigarmos outra possibilidade. Uma alternativa a esse entendimento ora predominante.

A possibilidade de que haja algum viés, algum fator não previsto, não percebido, e por isso mesmo não incluído em nossos raciocínios, que esteja influenciando a interpretação desses resultados ou de suas consequências.

Talvez estejamos nos precipitando, não ao criar a hipótese da existência da energia e da massa escuras, mas ao dar a ela tanta certeza de que de fato esteja correta.

Acredito ser muito plausível investigarmos também outras possibilidades, do que insistirmos nessa única tese de uma explicação fantasiosa e não comprovada.

É uma escolha essa posição, no mínimo discutível. Precisamos “falar sobre Kevin”, precisamos discuti-la mais profundamente. Precisamos nos dar o benefício da dúvida.

Além disso, quero questionar a hipótese do universo plano, e infinito. Esse é meu segundo questionamento.

Na ideia de um universo plano e infinito. Mas esse é o tema do nosso próximo artigo.

Nesses novos tempos, de instrumentos incríveis, que estamos aprendendo a interpretar suas imagens, é necessário o surgimento de novas ideias. Justamente para serem criticadas com argumentos lógicos, e não com dogmas.

A ciência não vive de dogmas. A ciência se nutre de discussões lógicas. “O criador não joga dados”, concordo plenamente com Ele, amém.

Luis Abumussi - Médico e astrônomo amador.