A proposta simulada da cobertura do Estádio do Café ficou interessante, entretanto, na reportagem da Folha de Londrina de 26/10/2023, classificar o projeto imaginado como sendo uma "arena multiuso" acredito que tenha sido apenas um adicional vitaminado para a provocativa pauta visual.

Para este status classificatório e hierárquico em termos arquitetônicos e estruturais no partido ensejado, as especificações obrigatórias neste perfil especial requerem antes de mais nada (entre outros atendimentos que informo mais abaixo), de uma cobertura zenital retrátil em todo ou parcialmente. Os demais programas que uma arena multiusos comporta são: presença de paredes e divisórias discriminadas em vários níveis, ambientes internos de pés direitos duplos e triplos, salões amplos, ar-condicionado integral, baias e docas de serviços, gruas, estocagens, foyeurs, palcos, coxias, rampas para acessos de cadeirantes, etc.

Bem como as arquibancadas sendo reprojetadas com assentos individuais em rampa íngreme muito mais próximas ao gramado, assim demolindo o oval de anfiteatro romano e atualizando com um novo formato de arena grega, ampliando as ergonomias visuais de todas as atrações centrais ou de palco elevado discriminado, inclusive até mesmo de uma... partida de football!

Sem contarmos os subsolos de atendimentos para os serviços de montagens e desmontagens sob o campo, além de camarins seriados, lojas de conveniências, lanchonetes e um mini-hospital de urgências médicas, mais fossos, estruturas de apoio diversificadas, passarelas, play grounds, academia, estacionamentos protegidos para 5.000 veículos médios, vagas para 500 motocicletas e 150 bicicletas, cancelas, caixas & bilheterias e até mesmo um heliponto elevado.

De como foi sugerido na montagem trata-se tão somente de um tensionado leve, quase um 'puxadinho´ que até abrigaria o público sentado do sol forte e eventualmente até mesmo de chuvas esparsas. A ideia ficou tão boa que o aterro do Lago Igapó 2 poderia ter uma estrutura tensionada destas em formato linear ao longo de todo o parque gramado, aliás, propus uma cobertura tensionada para o anfiteatro do Zerão em um convite-reportagem nesta mesma Folha de Londrina para atenuar os desconfortos daquela arena descoberta já em 1990.

Mesmo porque, neste caso do aterro sendo contemplado com uma cobertura, estariam ausentes os riscos de subutilizações de como um campo de futebol preconiza por óbvio, em desusos a maior parte da semana inteira.

No mais, para esta belíssima cidade merecer uma melhoria como estas (ainda que via PPP, uma parceria público-privada), teríamos primeiramente de termos um time decente e um público crescente do desporto bretão. Algo que francamente não vem ao caso tem décadas seguidas com jornais, rádios, TVs, locutores, escribas e comunicadores desportivos enxugando gelo no enfeitar esmerado e criativo com pautas surreais em nadas nem coisas algumas no assunto "futebol". Convenhamos, senhores...

Christian Steagall-Condé (arquiteto) Londrina

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