Por que pensar que a escola hoje em dia seja dispensável? Em seu conceito mais simples e formal a escola aparece como um local de ensino e educação, no entanto ela significa bem mais que isso. Escola é o ambiente para a socialização; onde se aprende desde cedo a convivência com os diferentes e se percebe que a sociedade é plural. A escola é o campo onde florescem os sonhos e negá-la às crianças e jovens é insensatez.

A palavra escola vem do grego scholé, que significa "ócio" - o mesmo que “lazer ou tempo livre”. Este significado advém do conceito de escola na Grécia Antiga, que, diferente do que vemos atualmente, era uma reunião, um momento, em que os cidadãos gregos tiravam um tempo livre para discutirem sobre filosofia e alguns comportamentos sociais. Ao longo do tempo a escola foi sofrendo transformações pela dinâmica social, entretanto sua essência permanece.

Na escola a criança amplia a visão de mundo e aos poucos percebe que o conhecimento demanda esforço, dedicação e disciplina. É sobretudo a escola que dá o sentimento de se pertencer a uma comunidade e a algo maior. O fervilhar das ideias nas escolas é o berço que vai marcar e embalar as gerações e o desenvolvimento da sociedade. Assim como embalou as lutas pelo atual estágio democrático ocidental em que vivemos. A luta pelos ideais de cidadania e democracia surgiram antes como sonho nas escolas, no aprendizado coletivo da ciência e da história, sempre na busca de uma sociedade melhor. Negar a escola a crianças e jovens é negar os princípios democráticos, é sobretudo negar a tolerância aos diferentes e não se permitir apreender ou compartilhar valores e ideias, enfim, é reduzir o mundo à própria cabeça. Na escola se aprende que a terra não é plana e aliás o universo das ideias é imenso. Aprender ler e fazer conta é apenas o início. A escola é a melhor vacina para diminuir toda intolerância e aumentar o respeito a toda diversidade.

Ensino domiciliar pode não ser proibido, mas deveria ser restrito a casos muito específicos em que a criança ou o jovem estivesse impossibilitado de frequentar uma escola e num curtíssimo período de tempo. Todo desgaste em torno do debate sobre o ensino domiciliar seria bem melhor aproveitado se fosse na direção de melhorar as condições do ambiente escolar. Valorizar a escola e todos os profissionais que a fazem um dos fundamentos da sociedade deveria ser tarefa diária para todos. Coisas simples como acompanhar os filhos e seu desempenho como aluno e cidadão na escola. Se importar com professores, diretores e funcionários e participar do cotidiano escolar. Há meios pra tudo isso. Não se pode simplesmente acusar a escola e seus profissionais de todos os males sem procurar melhorá-la.

Teremos eleições este ano e a educação deveria ser um dos temas centrais. É preciso analisar com serenidade o que os candidatos estão pensando sobre a escola e como melhorá-la. Aqueles que a negam nem merecem ser cogitados. Ensino domiciliar é retrocesso, cuidemos da escola.

Wilson Francisco Moreira, Cientista Social e Professor

Coaching espiritual

Embora não professe a mesma religião, quero dar os parabéns ao diácono Caio Matheus Caldeira da Silva por seu texto "A incompatibilidade do coaching espiritual com a fé cristã". Não é somente na fé cristã que o "advento" do "coachismo" causa impactos negativos, porque fé é algo que tem que ser buscada dentro de cada um e na sua ligação com o Sagrado e não em atos materiais. Isto também vem interferindo, e muito, em outras áreas do desenvolvimento humano, onde é necessário que você se volte para si próprio para encontrar suas razões existenciais. Ao invés deste esforço, que muitas vezes é doloroso, as pessoas são orientadas a usar métodos externos onde buscam encaixar-se. E continuam sem compreender quem são e porque estão vivos.

Nina Cardoso (psicóloga) Londrina

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