Poucas vezes na vida escrevi algo com endereço tão específico, algo para alguém que levo o sobrenome com orgulho, é claro que desconsiderei todas as cartas de amor que algum dia já fiz, mas agora é real, é de verdade, é para o senhor. Não, não é uma carta de despedida, não é nada demais, é apenas um texto sobre o amor, um amor daqueles tão grande que a gente precisa compartilhar com alguém, espero que entenda.

Então, é assim, o fim é assim, é assim que a vida termina. Remédios, dores, mais remédios, mais dores, para, cadeira de roda, hospital, soro, médicos, mais hospital, para, até você que eu nunca pensei que poderia passar por isso, mais hospital, choro pela primeira vez, angústia, medo, muito medo, volto a chorar, estou perdido, e não faço a menor ideia do que fazer.

Enquanto te escrevo essa crônica, vou te contar uma história para fazer o tempo passar mais devagar. É a história de um médico que tinha acabado de diagnosticar uma criancinha com câncer de pulmão, enquanto explicava a doença para a família, a mãe da criança foi conversar com o doutor, e num ato explosivo de amor ofereceu os seus dois pulmões para o transplante da filha.

O médico sempre soube que isso era impossível porque iria comprometer a qualidade de vida da mãe. Foi ali, vô, naquele momento em que ele tentava explicar para mãe que isso não era possível, que ele ouviu a frase que insiste em não sair da minha cabeça: “E se minha filha morrer, doutor, o que vou fazer da minha vida com esse excesso de pulmões?”.

A vida bem que podia, esporadicamente, dar uma trégua e um pulmão novo. Não precisava ser sempre tão real. Deus é nosso amigo.

Gabriel Faria, estudante de direito da UEL

Democracia Relativa

Os resultados das eleições de 2022 mostraram um equilíbrio bastante significativo e vislumbraram que os debates seriam bastante acirrados, principalmente no legislativo brasileiro, que é a casa do povo. Restaurando um pouco de esperança na política brasileira que poderia se tornar um marco tão sonhado, com pautas que finalmente buscassem o desenvolvimento do país e redução das desigualdades, com o interesse do povo sendo o fiel da balança. Passados alguns meses desse novo governo, começa novamente a decepção. O governo pautando suas ações na velha política do "toma lá dá cá", leiloando e buscando a formação de ministérios, a fim de satisfazer a vontade dos partidos, na busca de apoio em suas pautas ideológicas que fica bastante longe de um estado eficiente que visa a vontade de seu povo.

O governo anterior foi eleito pregando a ruptura desse sistema político que tanto mal faz a nossa nação, mas não obteve êxito, principalmente por seus extremismos e, claro, pelo "status quo" da velha política. Nossos sonhos de uma política de francos debates, onde o poder de convencimento com argumentos confiáveis e informações pertinentes e seguras pudessem dirigir nossos destinos através das decisões dos poderes constituídos, mais uma vez cai por terra. Esperamos que tudo isso seja um amadurecimento na busca de um mundo melhor. Mas, acima de tudo, cabe a cada um de nós, cidadãos do bem e interessados no progresso e na melhoria de vida dos brasileiros, tomarmos as decisões que possam finalmente alcançar dias melhores para todos e, quem sabe, atingirmos um pouco da verdadeira democracia.

José Cezar Vidotti (economista) Londrina.

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