Constatei, na edição da Folha de Londrina de 26/07/2023, manifestação da Sra. Maria Victor Barbosa e por muitos anos respeitável colunista deste jornal. Agora, manifestando-se sobre o possível teatro cogitado pelo seu falecido marido, o arquiteto Leo de Judá Barbosa. Ao lado do Moringão, mas que, infelizmente, foi descartado pela municipalidade.

No entanto, pertencendo a comunidade dos engenheiros e arquitetos de Londrina, gostaria de ressaltar a capacidade do mesmo para a concepção dos seus sonhos e as devidas aceitações de parte dos dirigentes maiores da própria cidade de Londrina. A começar pelo próprio Moringão, na administração Dalton Paranaguá, como um daqueles desafios. Evidentemente, um subordinado dificilmente tem preponderância sobre seu chefe. Mas cabe a este, após ouvir a ideia de seu subordinado, ou da comunidade, envolver-se na mesma, caso tenha bom senso, e a partir daí liderar o processo.

Na sequência, a participação do Léo no desenvolvimento e execução do desvio ferroviário. Com isto, liberando grandes espaços na área central. Ao mesmo tempo, projetando e implantando o zoneamento da zona norte a fim da viabilização de casas populares com recursos do BNH. Naquela época, contestações dadas as inúmeras vias de acesso e de circulação projetadas e implantadas num imenso espaço que não deixava de ser apenas um cafezal. Algumas, verdadeiras e onerosas avenidas.

Atualmente, a própria cidade de Londrina agradece aquele sonho do Léo. Também na sequência, o sonho da nova Rodoviária. O local escolhido, as desapropriações enormes que houveram e que, da mesma forma, impactaram os cofres municipais. Mas que contou com a participação do arquiteto Oscar Niemeyer, muito embora a iniciativa tenha sido do Léo e do Prefeito Antonio Belinati, na época.

Inicialmente, obra a ser feita com recursos de verbas federais, mas que na sequência deixaram de aportar a cidade. Com isto, cabendo ao novo prefeito, Wilson Moreira, adaptações e cortes. Todos, no sentido de se diminuir custos. No entanto, a obra lá se encontra e é, ainda aos dias de hoje, notável.

Evidentemente, a cidade possuiu destacados técnicos no setor público. Dentre eles, ainda que se possa esquecer nomes de alguns, os engenheiros Amilcar Neves Ribas e Arvid Augusto Ericsson, no setor de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto. Este último, com notável participação na solução e opção pela captação de água do próprio Rio Tibagi, dada a consultoria do técnico Enaldo Cravo Peixoto.

Inegavelmente, a cidade não pode esquecer a participação do qualificado técnico paulista Prestes Maia, que se viu convocado pelo prefeito Milton Menezes, no início dos anos de 1950, para planejar e disciplinar o crescimento urbano da cidade de Londrina e que até hoje é a espinha dorsal de tudo o que acontece na mesma quanto ao urbanismo, zoneamento e arruamentos. Bem como preservação de vales e tudo o mais que interessa à cidade.

Inegavelmente, utilizando-se de duras palavras, mas no bom sentido, da ousadia e sonhos dos pertinentes prefeitos a tais grandiosos feitos pois desde os anos de 1940 até hoje, 2023, cada um, no seu tempo, deixou sua marca. Mas sem esquecer, dedicados funcionários públicos municipais que tanto lutaram na defesa destas ideias e das pertinentes leis urbanas que daí decorreram. Foi uma inegável luta. Mas continua sendo, defender um bom sonho e de difícil execução. Somemo-nos aos novos sonhadores.

Engenheiro civil José Pedro da Rocha Neto, Londrina