Diariamente temos ouvido notícias sobre multas e acidentes de trânsito.Projetos de educação de trânsito são incansáveis. Inúmeras multas têm sido aplicadas com ou sem reincidência. Uma média de sete mortes diárias são divulgadas. Será que estas características mudam o comportamento no trânsito? Será que estes comportamentos são ouvidos e incorporados nas ações dos motoristas, levando-os a dirigir com segurança ou isso não acontece com eles?

Desde a criação do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), poucas alterações significativas nas suas regulamentações foram implantadas no nosso sistema viário.

Punições mais severas aos motoristas infratores começaram a ser aplicadas em todo Brasil. As multas sofreram reajustes que variam de 52% a 244%. Alguns dos maiores penalizados continuam sendo aqueles que forem flagrados usando aparelhos celulares, dirigindo sob efeito de álcool, passando no sinal vermelho ou dirigindo com a velocidade não permitida.

Nossa expectativa é a mudança de hábito dos motoristas, que resistem em mudar seus comportamentos inadequados no trânsito. Nos enganamos quando acreditamos que o maior rigor da lei, "com certeza ajudará a mudar o seu comportamento psicotécnico". Infelizmente, apenas sentem no bolso, o que mais pesa na tomada de decisão do motorista", até sua reincidência.

A mim, causa indignação perceber que os motoristas desconhecem o valor da sua habilitação. Não se trata apenas de ter em minhas mãos um documento (CNH), mas de ser um motorista consciente e hábil para dirigir .

Ao tornar-se infrator me faz crer que não é merecedor da representação de sua CNH. O infrator não elabora o efeito de sua conduta e pouco se importa em cometer novas infrações. Aliás, é o princípio do condicionamento do comportamento inadequado e inconsequente.

Adepta à teoria de Carl Gustav Jung (fundador da Escola Analítica de Psicologia e um dos maiores psiquiatras do mundo), numa conferência sobre "como melhorar o mundo", afirmou: "Os mais sérios problemas do mundo nunca serão solucionados por meio de legislação ou por artifícios. Só podem ser resolvidos por uma mudança de atitudes. E esta mudança de atitudes não se inicia com propagandas ou reuniões de massa, e menos ainda com violência. Ela só pode começar com a transformação interior dos indivíduos. Ela produzirá efeitos mediante a mudança das inclinações e antipatias pessoais da concepção de vida e dos valores, e somente a soma dessas metamorfoses individuais poderá trazer uma solução coletiva".

Outrossim, será que os motoristas infratores querem mudar suas atitudes inadequadas no trânsito?

Diante dos fatos, acredito que não.

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Julieta Arsênio é psicóloga especialista em Comportamento de Trânsito

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