OPINIÃO DO LEITOR: As Bandeiras, a educação e o metrô de SP
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 27 de março de 2023
Adriana de Cunto
Lendo o texto publicado no dia 24/03/23, no Espaço Aberto, faço ao mesmo dois questionamentos:1 - o autor declara que, Fernão Dias e os demais Bandeirantes, que colaboraram para que o Brasil tenha, nos dias de hoje, a extensão territorial mais cobiçada do planeta Terra, "caçavam índios". E cita que, em 1628, estes Bandeirantes fizeram uma grande ofensiva, com "mais de 900 brancos e 3.000 índios". Entende-se, então, que os índios - aculturados, talvez - que acompanhavam os brancos - portugueses, por certo - estavam reproduzindo, aqui, o mesmo comportamento que tiveram os africanos litorâneos quando as naus portuguesas chegaram às suas costas. Com a diferença de que, na África, o homem branco não adentrou o território. Foram os próprios negros africanos que capturaram os seus desafetos e os entregaram aos navios negreiros. Quem melhor do que os próprios nativos poderiam encontrar os demais indígenas que se escondiam pelas matas? Havia três vezes mais índios "caçando" outros índios do que Bandeirantes. Uma ajuda e tanto, não é?
2 - o autor cita também Paulo Freire, um advogado que preferiu ser professor e recebeu inúmeros títulos de "doutor honoris causa", títulos que são conferidos, como homenagem, a várias pessoas sem que estas tenham passado por qualquer tipo de curso, exame ou concurso, portanto não é necessário comprovar capacitação para recebê-los. Até mesmo uma pessoa semianalfabeta pode receber esta homenagem, como já aconteceu com um "ilustre" brasileiro agraciado por uma universidade portuguesa.
Paulo Freire criou o Plano Nacional de Alfabetização, no início da década de 60 e, até hoje, é incensado e suas ideias balizaram e ainda balizam o ensino nacional. E, nas últimas avaliações internacionais do nível do ensino, o Brasil aparece, vergonhosamente, ocupando a 60ª posição, em um ranking com 76 países. E não venha o autor dizer que isto é resultado dos últimos quatro anos. Para uma vergonha dessas colaboraram todos os últimos 40 anos.
Há formados em universidades que mal sabem coordenar dois parágrafos. Talvez alguns desses também sejam "doutores honoris causa". O autor fez a comparação entre estas duas pessoas para questionar a troca do nome de uma estação do metrô de SP, de Paulo Freire para Fernão Dias. Por opção da população que mora no entorno da estação. Parabéns à população paulistana!
Nina Cardoso (psicóloga) Londrina
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