Desenvolver um currículo considerando a educação socioemocional significa ultrapassar a barreira disciplinar e reconhecer que o ponto central é o autoconhecimento, que pode ser desenvolvido desde tenra idade, num programa socioemocional. Talvez seja esse um caminho para trabalhar os ataques às escolas no Brasil.

A escola que, em seu âmago considerada espaço da sistematização e democratização do conhecimento, agregou, ao longo da história, em suas atividades, desenvolvimento de habilidades, atitudes, valores e, por fim, emoções.

A C.H.A.V.E da escola contemporânea envolve programas socioemocionais que podem ser compostos a partir de projetos da seguinte forma: estabelecimento de jogos cooperativos e competitivos, na intenção de trabalhar com sentimentos de frustração e medo. Partindo dos jogos, se estabelecem rodas de conversa para compreender os resultados, as ações realizadas, os equívocos e acertos cometidos que levaram ao sucesso. Ou seja, não basta apenas estabelecer jogos, é necessário analisar os resultados em conjunto, porque isso gera amadurecimento e a prática do aprender a lidar com as emoções.

Outra prática pedagógica pode ser leitura de biografias ou assistir a documentários na perspectiva de identificar exemplos, tipos de personalidade e quais os obstáculos enfrentados durante o desenvolvimento da carreira. E, mesmo com as leituras de conto de fadas, existe uma predileção para focar nos minutos finais da história, especificamente no “felizes para sempre”. Entretanto, por consequência, se esquece a trajetória que conduziu para o final feliz.

A realidade da vida é semelhante a um conto de fadas, porque, para termos um “final feliz”, antes enfrentamos inúmeros desafios. Quantos obstáculos foram enfrentados pela Rapunzel? Trocar o foco do final para trajetória pode ser uma estratégia pedagógica para o desenvolvimento de novas gerações com resiliência.

A resiliência emocional pode ser ensinada e apreendida a partir da consciência do erro e da demonstração que é possível desenvolver outros caminhos. Quando da antiga prática pedagógica, por meio da projeção no espelho, com descrição do tipo físico individual, dialogamos com as crianças, demonstrando o que nos torna humanos. Ao conseguirmos, a partir do diálogo, identificar as semelhanças e diferenças entre os participantes, estabelecemos empatia, afinal, somos todos iguais, mas diferentes.

No aspecto legal, o Estatuto da Criança e do Adolescente diz que as crianças e adolescentes gozam de todos os direitos fundamentais inerentes ao ser humano, cabendo à família e à sociedade garantia de direitos. Ou seja, quando negligenciamos com as crianças e adolescentes, somos cúmplices na formação das gerações que não sabem lidar com frustrações.

Assim, ao lembrá-los dos limites em sala de aula, ou na sala de jantar, estamos educando para cidadania planetária, necessária nos nossos tempos. Com base nisso, quando a escola e os familiares não souberem os caminhos para uma criança e jovem sem limites, procure por um psicopedagogo para o estabelecimento de um programa socioemocional. Por mais empatia e resiliência, antes do final feliz.

Dinamara P. Machado é doutora em Educação e diretora da Escola Superior de Educação do Centro Universitário Internacional Uninter.

Os artigos, cartas e comentários publicados não refletem, necessariamente, a opinião da Folha de Londrina, que os reproduz em exercício da sua atividade jornalística e diante da liberdade de expressão e comunicação que lhes são inerentes.

COMO PARTICIPAR| Os artigos devem conter dados do autor e ter no máximo 3.800 caracteres e no mínimo 1.500 caracteres. As cartas devem ter no máximo 700 caracteres e vir acompanhadas de nome completo, RG, endereço, cidade, telefone e profissão ou ocupação.| As opiniões poderão ser resumidas pelo jornal. | ENVIE PARA [email protected]