OPINIÃO DO LEITOR - Transformação de bibliotecas em salas de aula
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 29 de novembro de 2021
Olinda Rosa Ribas de Castilho

Sobre a reportagem "Transformação das bibliotecas das escolas municipais em salas de aula convencionais para recuperação de conteúdos defasados" (Cidades, 25/11), fundamentada na experiência de mais de 30 anos no ambiente escolar público no acompanhamento do processo de aquisição de leitura e escrita e ensino de Língua Portuguesa, posso afirmar que “tal procedimento” cabe sérios questionamentos. Primeiro porque nossas crianças, com raras exceções, já ficaram dois anos letivos longe dos livros; segundo porque aulas virtuais e televisivas comprovadamente não estimulam a abstração de forma suficiente para o desenvolvimento de leitura que dê conta de demandas do mundo moderno. Sem acesso à leitura não há conteúdo, não há reflexão, não há abstração. Dois anos sem hora do conto, sem dramatização, sem ouvir ao vivo e a cores o professor especializado e incumbido de realizar leitura em voz alta, sem discussão e reflexão sobre literatura e outras inúmeras atividades, sem contato direto e intenso com os livros que só uma biblioteca dinâmica, viva e atuante pode oferecer, pode-se afirmar: que perda irreparável! A biblioteca é o coração da escola. É dela que emana sentimentos de pertencimento, de fruição e de pesquisa; é dela que pulsa o intenso desejo de se juntar a outros e ler, consequentemente de conhecer mais sobre tudo, o que parece ser o desejo da nossa garotada neste tão esperado retorno às aulas. Penso que podemos pensar em alternativas que contemplem um trabalho intenso com a recuperação de conteúdos aliado às atividades da biblioteca, revezando tempo e espaço na própria biblioteca para que, neste retorno, os alunos tenham a oportunidade de realizar uma imersão intensa no maravilhoso mundo da leitura de literatura.
Olinda Rosa Ribas de Castilho (professora aposentada de Língua Portuguesa da Rede Municipal e Estadual de Londrina) *
Correção:
Diferentemente do publicado na reportagem “XI de Agosto recebe maioria dos votos nas eleições da OAB Londrina” (Geral, 26/11), o percentual de votos obtidos pela Chapa XI de Agosto nas eleições para a seccional do Paraná da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) foi de 59,68%. Já a Chapa Algo Novo obteve 28,30% dos votos. A Artigo 5º teve 12,01%.
* A opinião da autora não reflete, necessariamente, a opinião da Folha de Londrina.

