Quando um cartaz escrito “fome” vira moda é um claro sinal de que os tempos estão difíceis, mais ainda para os desassistidos (e são tantos!). Tanta gente que havia saído do mapa da miséria no Brasil voltou a ele nos últimos quatro anos, trazendo junto essa curiosa “moda” do cartaz. Aparentemente, o colega Adoniro Prieto Mathias, pelo teor de sua carta na Folha de Londrina do dia 22 de outubro de 2020, parece ser um ferrenho opositor dos que pedem esmola com o referido cartaz.

É importante deixar claro que nessa cidade de mil cores, repleta de “moradores de rua”, há sim gente desonesta a pedir dinheiro, da mesma forma que há desonestos no comércio, em cargos públicos ou celebrando missas e cultos. Há desonestos habitando tanto as ruas quanto as mansões e edifícios de luxo na nossa querida cidade. Mas o que vemos nas ruas geralmente são pessoas em condições de vida precária, muitas vezes doentes, e sem qualquer assistência, afinal o desgoverno não tolera “vagabundo”, assim como o amigo Adoniro talvez também não tolere.

Mas quem tolera, afinal? Recomendo um passeio mais atento pelas ruas da cidade (onde há semáforos, claro), particularmente no semáforo da Madre Leônia com a rua João Wyclif, onde dois rapazes estrangeiros há duas semanas pediam trabalho por meio de um cartaz (assim como no Calçadão também aparece gente pedindo trabalho). O amigo da carta podia talvez oferecer algum emprego para esses rapazes. Que tal? Dê uma volta por lá, vai que ainda os encontra sem trabalho.

Sobre dar esmola, há quem afirme que “a maioria vai usar o dinheiro para sustentar o vício”. É o que afirma o colega na carta, ao mesmo tempo que valoriza o trabalho precário de pessoas carregando carrinhos lotados de papelão pelas ruas, até os bairros mais afastados da cidade. Se alguém pedir dinheiro no semáforo incomoda tanto, não dê dinheiro. Suba o vidro do seu carro e ignore. Ou simplesmente dê algo para a pessoa comer, o que seria muito mais humano da parte do motorista do que escrever uma carta exaltada no jornal. Não é fácil andar com os sapatos de outra pessoa.

L. R. Silva (escritor) Londrina

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MEMÓRIA

23 de outubro de 2017

Celebrando os 111 anos do voo do 14 Bis

Há 111 anos, no dia 23 de outubro de 1906, o inventor brasileiro Alberto Santos Dumont fazia seu primeiro voo com o 14 Bis. Para comemorar a data, o Aeroclube de Londrina sediou neste domingo a Festa do Aviador. Exposições de aviões, carros antigos e do Exército, música ao vivo e food trucks estavam entre as atrações. O evento é uma promoção do Aeroclube de Londrina e do curso de Ciências Aeronáuticas da Unopar. Ao longo da semana serão promovidas palestras referentes à aviação civil.