Investidores vendendo seus ativos, dólar subindo e o preço dos alimentos acompanhando essa escalada montanhesca. Apresento a vocês o Efeito Manada. Em cenários caóticos, de guerra, como o que estamos vivendo hoje, são essas as consequências imediatas para o mundo globalizado.

A análise é baseada no que chamamos de gerenciamento de risco no mercado financeiro. Ele nos ensina que precisamos observar a crise atual em efeitos que se darão em curto, médio e longo prazos. E, paralelo a isso, ter uma visão do contexto histórico do passado, a fim de observar como os ativos financeiros se comportaram em situações semelhantes.

Uma questão delicada no gerenciamento de risco de curto prazo no mercado financeiro é que os investidores estão ávidos por um direcionamento, no entanto, tudo é muito imprevisível ainda. Assim, é preciso ponderação.

De imediato, três fatores comumente ocorrem: pressão sobre o dólar; investidores que percebem ativos de risco sensíveis e voláteis, que são as ações, e tendem a vendê-las, com medo do que possa acontecer, e a alta nas commodities. A saber: a Europa consome 30% do gás russo e a Ucrânia abastece a Europa com trigo, o que deve gerar uma pressão inflacionária nos alimentos.

No médio prazo desse processo, perceberemos uma estabilidade, uma vez que será possível entender os impactos e se eles se propagarão por um período curto, médio ou longo. Efeitos muito semelhantes ocorreram nas invasões no Iraque, nas questões envolvendo a Grécia e a dívida dos países europeus, há dez anos. Nesses momentos, é esperado que tenhamos problemas inflacionários nos alimentos. Ou seja, desfazem-se as surpresas advindas das bolsas de valores, mas criam-se novas expectativas com relação aos preços dos alimentos.

No longo prazo, a questão é entender a reconstrução econômica, e se isso terá um impacto na política monetária dos países em guerra. Na Rússia, por exemplo, presenciamos uma desvalorização da sua moeda e uma grande desvalorização no seu mercado de ações, o que trouxe consequências ruins para o mercado de toda a Europa.

Para o investidor, no meio disso tudo, resta cautela, pois não há uma ciência exata nas finanças. Se você é um investidor que compra ações, o cenário é mais desafiador. É preciso ter calma e, acima de tudo, buscar para a sua carteira instrumentos de proteção - ou seja, seguros - com a sua instituição financeira. Na dúvida, comece a investir de forma gradativa e não faça uma alocação com todo o seu capital, achando que será uma atitude que vai se resolver muito rápido.

Gilvan Bueno é gerente Educacional na Órama Investimentos

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