Hoje (9) é o Dia Internacional de Combate à Corrupção. Nada temos a comemorar, muito pelo contrário, é um dia de luto nacional pela falência da honestidade nas hostes governamentais, protagonizada pela maioria esmagadora da nossa classe política e de agentes públicos deste país. Hoje é dia de chorar de tristeza e revolta pela morte da vergonha na cara de governantes, de togados das mais altas instâncias do Judiciário e da maior parte dos que nos representam em todos os níveis dos parlamentos Brasil afora. Nesses 36 anos da redemocratização, a corrupção entranhada nos governos central e estaduais, no Congresso Nacional, em prefeituras, em câmaras de vereadores, em assembleias legislativas e em camadas do Judiciário se fortalece cada vez mais, alicerçada numa conveniente impunidade patrocinada por uma Justiça leniente com a bandalheira.

E o nosso povo cordato, incauto e pouco esclarecido, em sua maioria, aceita complacentemente o odioso "rouba, mas faz". Também, diante dos cartões corporativos sigilosos e do orçamento secreto patrocinados pela presidência da República, os fiéis adoradores dos seus políticos de estimação acreditam piamente na deslavada mentira do "eu não roubo e nem deixo roubar". Aliás, o abominável orçamento secreto bilionário é um capítulo à parte da promiscuidade que impera na governança; uma clara e vergonhosa confissão da prática de corrupção, sem nenhum disfarce.

Distribuir dinheiro público aos apaniguados às escondidas é um escândalo sem precedentes; coisa de uma nação dominada por salteadores do erário. Enquanto vemos Dinamarca, Nova Zelândia, Finlândia, Singapura e Suécia liderarem o ranking dos países com menor índice de corrupção, estamos na 94ª posição, abraçados com Etiópia, Cazaquistão e Tanzânia, bem atrás de Cuba, Gana e Equador. Uma degradada classificação que nos envergonha no contexto mundial.

Enquanto os bandoleiros dos parlamentos continuarem se apoderando criminosamente dos salários de assessores e os seus eleitores minimizarem o crime, nominando-o como "inofensivas rachadinhas", essa cafajestagem vai continuar. E enquanto não elegermos uma maioria honesta para nos governar, jamais teremos um 9 de dezembro digno, célebre e festivo.

Ludinei Picelli (administrador de empresas) Londrina

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