O vírus mais letal que atingiu o mundo moderno encontrou no Brasil um campo fértil para se disseminar, regado pelo negacionismo da ciência, pela indisciplina irresponsável de enorme parcela da população, estimulada sistematicamente pela nossa maior autoridade a vilipendiar os protocolos de cuidados pela vida e pelo descaso governamental em imunizar os brasileiros. Diante desse triste cenário de luto de milhares de famílias que perderam seu entes queridos, causa-nos indignação e perplexidade o comportamento sórdido, e até com requintes de crueldade, do presidente da República. A sua frieza pela dor e consternação dos brasileiros é de causar espanto; chega a ser inexplicável, partindo de um ser humano. Com seu habitual deboche, cada vez mais potencializado nas manifestações públicas e justamente no momento em que os números angustiantes atingem a lastimável marca de 500 mil óbitos pela Covid, o presidente, como se estivesse em regozijo por uma "comemoração", ameaça publicar um decreto contra a utilização de máscaras, ataca o isolamento social e defende o uso de medicamentos sem eficácia comprovada. Soma-se a esse quadro caótico de descaso, a execrável lentidão na cobertura vacinal, motivada pela irresponsabilidade em não adquirir em tempo hábil os imunizantes ofertados em agosto/20. Estamos no término do 1º semestre de 2021 e míseros 12% da população receberam a vacina completa (2 doses), fruto desse pensamento retrógrado incrustrado no governo central. Muitos, no mesmo tempo que choram pela perda precoce de parentes e amigos para essa terrível doença, continuam venerando essa figura caricata que clara e explicitamente trabalha contra a ciência. Em sã consciência, é difícil entender essa idolatria.

Ludinei Picelli (administrador de empresas) Londrina

Eterno aprendiz

Depois de quase dois anos, o Brasil continua na guerra contra o coronavírus, sempre vendo que demoramos muito a aprender e tirar lições para a vida, para novos desafios que provavelmente chegarão depois da pandemia. As desigualdades sociais e a insensibilidade de muitos que fizeram de uma doença contagiosa uma guerra ideológica, onde tentou-se colocar uma camisa vermelha no vírus, como se o vírus tivesse ideologia ou cor. Infelizmente, uma guerra que deveria ser contra um mal se tornou uma guerra que dividiu o país em dois, os cloroquinas e os tubaínas. O povo brasileiro, em nome e respeito dos muitos que infelizmente partiram cedo demais, deve esquecer essa disputa de esquerda ou direita e saber que a vitória vem do alto. O país precisa sair fortalecido desta guerra onde tantas vidas foram ceifadas prematuramente. Se tudo tem um aprendizado, vamos aprender a dar mais valor aos que ainda estão juntos de nós. Quando puder abraçar, abrace quem pode ser abraçado.

Manoel José Rodrigues (assistente administrativo) Alvorada do Sul

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