A Lei 9.956 de 12 de janeiro de 2000, que veta a colocação de equipamentos em postos de combustíveis para a realização de autosserviço ainda está em vigor. Mas o risco de mudança nessa lei é iminente.

O governo federal editou uma Medida Provisória (MP) que autoriza, entre outras coisas, a venda de álcool combustível diretamente das usinas aos postos e, de forma oportunista, o deputado Kim Kataguiri introduziu à MP uma emenda que estabelece a implantação do autosserviço nos postos de combustíveis com a justificativa de redução nopreço dos combustíveis. Essa medida, se aprovada, pode colocar mais de 500 mil trabalhadores na rua, engrossando a massa de desempregados, já beirando os 15 milhões de brasileiros.

O argumento de redução do custo dos combustíveis através da eliminação dos postos de trabalho está completamente equivocado, pois o ônus dos custos da força laborativa dos frentistas tem um impacto pouco significativo, diante do preço absurdo do combustível. Segundo o DIEESE, apenas 1,72% corresponde à folha de pagamento dos frentistas (estudo considera apenas gasolina e diesel. No etanol o impacto deve ser ainda menor).

Além dos problemas sociais gerados com a demissão em massa de trabalhadores e com milhares de famílias sem renda, num momento extremamente difícil economicamente, temos outras questões que precisam ser levadas em conta, como por exemplo: despreparo do motorista no manuseio das bombas de combustível; produtos inflamáveis altamente perigosos; contato com produtos químicos como o benzeno (cancerígeno), sem equipamento de segurança; risco de assalto na hora do abastecimento e longas filas.

O frentista é um profissional capacitado, com treinamento para dar um atendimento de qualidade, que além de abastecer o veículo, verifica outros possíveis problemas, orienta o condutor da melhor forma. Não podemos aquiescer que seja transferido para a população o perigo do autosserviço.

Não ao autosserviço, não ao desemprego!

Vera Lucia Silva, presidente do Sindicato dos Frentistas de Londrina e Região

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