Às vésperas das eleições, em setembro, o Brasil deverá fechar o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), do novo programa de socorro de US$ 30 bilhões anunciado ontem. Antes, a proposta brasileira deverá ser analisada ainda pelo próprio FMI, apesar do organismo internacional já acenar com a possibilidade de aprovação da proposta brasileira, segundo boletim divulgado ontem: ''Percebemos que as autoridades brasileiras estão convencidas de que esse acordo serve aos interesses do país e estão confiantes que isso (o acordo) será apoiado pelos candidatos à corrida presidencial'', manifesta a nota do Fundo.
Também seguindo procedimento formal, o Senado brasileiro deve arguir este mês, provavelmente no próximo dia 20, o ministro da Fazenda, Pedro Malan, sobre os termos desse novo acordo. A convocação de Malan, requerida pelo senador Eduardo Suplicy, foi aprovado ontem e conforme o seu autor é de extrema importância pelo fato de dar transparência ao processo, uma vez que seus efeitos deverão ser absorvidos pelos futuros governantes.
São US$ 30 bilhões que já ficam para a história por representarem o maior pacote de socorro financeiro do FMI ao Brasil. Mas deve-se atentar que, desse total, a parte que cabe ao país é de US$ 20 bilhões, já que os restantes US$ 10 bilhões ficam com o próprio Fundo Monetário Internacional, para pagamento de dívida que venceria em 2003. Outro detalhe que deve ser levado em conta é o da liberação dos recursos, sendo US$ 6 bilhões ainda neste ano, na gestão do governo que contrata essa nova dívida, ficando o que sobra para o seu sucessor.
De tudo isso, um ponto deve merecer questionamento exaustivo dos senadores, que terão a oportunidade de sabatinarem Malan e, de acordo com suas explicações, lançarem certezas ou dúvidas em relação ao fechamento do acordo, provavelmente em setembro. Oras, o próprio FMI usa da voz dos negociadores brasileiros para afirmar que a decisão deverá receber o apoio dos candidatos à corrida presidencial. Esse mesmo Fundo enviou, dias antes, uma representante ao Brasil para avaliar a posição dos candidatos em relação ao acordo.
Se estes concordam com o socorro, e com certeza não há uma unanimidade entre eles, assumem uma herança que, se de momento empresta ao país uma normalidade econômica, principalmente com a possibilidade de baixa e estabilização do dólar, no futuro e desde já compromete futuros planejamentos devido ao comprometimento e às regras que são impostas em troca do dinheiro emprestado.