Military police officers check a burnt out truck outside a Military police station in Guarapuava, southern Brazil on April 19, 2022. - Approximately 30 heavily armed criminals attacked a police station and engaged in a fierce gun battle with the police during the early morning on April 18, 2022 during an attempted robbery of a cash-in-transit company that left three people injured. (Photo by Eduardo Matysiak / AFP)
Military police officers check a burnt out truck outside a Military police station in Guarapuava, southern Brazil on April 19, 2022. - Approximately 30 heavily armed criminals attacked a police station and engaged in a fierce gun battle with the police during the early morning on April 18, 2022 during an attempted robbery of a cash-in-transit company that left three people injured. (Photo by Eduardo Matysiak / AFP) | Foto: Eduardo Matysiak / AFP

O assalto com requintes de extrema violência ocorrido a uma empresa de transporte de valores em Guarapuava na madrugada do último dia 18 segue provocando efeitos na gestão da segurança pública do Estado. A ação expôs os moradores a um verdadeiro terror psicológico, dado o arsenal utilizado pelos cerca de 30 integrantes da quadrilha, e testou as próprias forças policiais já que, além do poderio armamentista, o bando empregou explosivos para incendiar veículos nas vias de acesso ao município e na entrada do 16º Batalhão de Polícia Militar.

Prática típica da modalidade de crime tipificada pelo Ministério da Justiça como novo cangaço, alguns desafortunados moradores viraram reféns e serviram de escudo humano dos bandidos para que a quadrilha pudesse fugir. Ante o cenário de guerra, a polícia teve que determinar um toque recolher para que a população não saísse às ruas enquanto os criminosos estivessem em ação.

A consequência política mais imediata da tentativa de assalto em Guarapuava foi a destituição, três dias depois, do comandante da PM no município, tenente-coronel Joas Marcos Carneiro Lins. O comando-geral da corporação admitiu na ocasião que a transferência do oficial para Ponta Grossa, onde passou a exercer a função de chefe de Estado-Maior do 4° Comando Regional (CRPM), ocorreu “em face dos últimos acontecimentos".

Conforme noticiou a FOLHA, o anúncio da troca se deu no mesmo dia em que houve manifestação de mulheres e familiares de policiais militares em frente à sede da PM de Guarapuava contra o que consideraram omissão da corporação na definição de táticas de enfrentamento à ação da quadrilha. Segundo denúncia da Associação dos Praças da Polícia Militar do Paraná (Apra), os próprios policiais que atuaram no combate aos criminosos tiveram que assumir os planos e objetivos de ação, sem auxílio algum de plano de contingência. Um deles morreu após o confronto.

A afirmação foi negada pelo comando-geral da PM, e o então secretário estadual de Segurança, Rômulo Marinho, disse que havia um plano de contingência e que a estratégia consistiu em fechar as entradas do município, obrigando os criminosos a seguir para o perímetro rural. A ação, segundo ele, fez com que os assaltantes, sem conhecimento das vias, se perdessem e abandonassem o local.

A queda do próprio Marinho, anunciada ontem pelo governador Ratinho Junior (PSD), foi a segunda grande consequência dos efeitos do conflito, embora neste caso o Estado não tenha relacionado uma coisa a outra. Ele será substituído por Wagner Mesquita, que estava na direção-geral do Detran-PR (Departamento de Trânsito do Paraná) e volta ao posto depois de quatro anos.

No caso de Marinho, havia uma outra questão delicada para lidar: a insatisfação dos policiais, especialmente os civis, com os valores dos reajustes concedidos pelo governo. É uma situação que o novo chefe da pasta terá que enfrentar, além de manter as conquistas destacadas pelo governador na gestão do antecessor, como o plano de modernização que envolveu a retomada da construção de presídios, modernização das carreiras das forças de segurança e a retirada definitiva dos presos do Estado da administração da Polícia Civil com a implementação do Departamento de Polícia Penal.

Tirar o Paraná da rota do “novo cangaço” e de outros crimes que ainda infestam o Estado, embora para isso precise de efetivo e investimento sobretudo nos setores de inteligência e investigação, são os desafios impostos ao novo responsável pela segurança pública. Há pressa.

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