Os salários dos políticos brasileiros contam com uma boa quantidade de penduricalhos que ajuda a engordar o já vitaminado pagamento que a classe recebe. Claro que o dinheiro que remunera salários e benefícios no poder público vem do pagamento de impostos, ou seja, do bolso do contribuinte. Infelizmente, o brasileiro, de uma maneira geral, não tem o hábito de acompanhar como o seu dinheiro está sendo destinado no Legislativo, no Executivo ou no Judiciário. Se fiscalizasse, provavelmente as verbas seriam melhores utilizadas para o benefício da população.

Nos últimos dias, a imprensa revelou que políticos viajaram com dinheiro público para um compromisso nada profissional: participar do programa dominical do apresentador Silvio Santos. Nada de oficial, apenas sorrir ao lado do artista e responder perguntas de uma gincana, o “Jogo das Três Pistas”.

Os dois últimos convidados políticos para a gincana de Silvio Santos foram os senadores Davi Alcolumbre, presidente da Casa, e Flávio Bolsonaro. Conforme revelado pelo jornal Folha de São Paulo, os dois não pagaram do próprio bolso a passagem para São Paulo para participar do programa de TV.

Davi Alcolumbre viajou em um avião da FAB no dia 14 de setembro, saindo de Brasília com destino a São Paulo. Nessa data, ele gravou a participação no “Jogo das Três Pistas”, que foi ao ar no dia seguinte. O presidente do Senado justificou o uso da aeronave da Força Aérea como “serviço/segurança”. Flávio Bolsonaro viajou com dinheiro próprio, mas depois pediu reembolso ao Senado, declarando um gasto de R$ 2.427,45.

A sociedade espera por uma justificativa dos dois políticos, que ainda não informaram se nas datas em que estiveram na capital paulista cumpriram agenda oficial. Nesse caso, haveria uma explicação aceitável.

No Paraná, o ex-governador Beto Richa foi condenado a devolver cerca de R$ 3,5 mil referentes à viagem que fez para a China, em 2015, quando a comitiva passou um fim de semana em Paris sem que houvesse uma agenda oficial.

Lembrando que no ano passado, os brasileiros exaltaram o comportamento da presidente da Croácia, Kolinda Grabar-Kitarovic, quando financiou do próprio bolso a viagem à Rússia e a estada para torcer pelo país na Copa do Mundo. Nada mais natural do que esperar que os políticos brasileiros tenham o mesmo respeito pelo dinheiro do contribuinte.

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