A classe política nacional abre o ano político com 6,1 bilhões de reais no cofre, somando-se os fundos eleitoral e partidário. De bolsos cheios e gazeando às obrigações no Congresso, nossos parlamentares trabalharão muito pouco (desculpe a redundância) pelos interesses da população neste ano eleitoral.

Brasília estará deserta de políticos, porque é hora de alguns imprimirem ritmo às suas candidaturas às prefeituras, de outros prestarem apoio aos seus candidatos e de tantos mais em busca de espaço nos palanques para garantir visibilidade, já mirando as próximas corridas em busca de voto.

Serão tapinhas nas costas, pegar criança no colo, comer sanduiches em botecos, abraços e beijos em profusão e o vale tudo para conquistar a preferência do eleitor. Ouviremos uma miríade de promessas, das quais, costumeiramente, pouquíssimas são cumpridas, inclusive algumas repetidas de pleitos anteriores e não realizadas.

Eleitos os prefeitos, dois anos depois o enredo se repetirá com parcas trocas de protagonistas, mas não com apenas (!?!?) meia dúzia de bilhões de reais, claro, porque a inflação para as despesas de campanha deles é "argentina", enquanto que para o salário do trabalhador o índice é de minguado 1 digito.

A escalada dos valores disponibilizados para os últimos pleitos é escandalosa. De 2018 a 2024 somente o Fundo Eleitoral subiu de 1,7 bilhões para 5 bilhões de reais, num aumento de 194%, enquanto que a inflação no mesmo período ficou em torno de 33%. Já o Fundo Partidário gastou 3,2 bilhões de reais nos últimos 3 anos para financiar, também com dinheiro público, a manutenção dos partidos políticos que estão aptos a receber esses recursos.

As campanhas eleitorais brasileiras estão entre as mais caras do mundo. Aqui o grau de fiscalização é desproporcional ao gigantismo do processo e a falta de transparência é uma realidade. Isso facilita a ocorrência de candidaturas laranjas, gastos fictícios e enriquecimento ilícito; o desperdício de dinheiro é assustador e as fraudes são oportunizadas.

É repugnante e revoltante constatar que esse grande volume de dinheiro mal administrado é tirado da educação, da saúde, da infraestrutura e das necessidades básicas da população. Exigir que os nossos congressistas tenham sensibilidade para discutir e mudar a situação é uma utopia, pois eles são os maiores interessados nesse mecanismo que garantem seus trampolins políticos e as suas longevas carreiras de político-partidárias.

Como sempre, nossos parlamentares votam matérias polêmicas na calada da noite, principalmente aquelas que lhes favorecem e interessam exclusivamente a eles. Neste caso, o Fundão recorde para as eleições de 2024 foi votado em 22/12/23, no apagar das luzes do último dia do ano legislativo. São uns indecorosos!

Ludinei Picelli, administrador de empresas.

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