A proibição de celebrar a Santa Missa no âmbito da Arquidiocese de Londrina gerou uma polêmica entre católicos que lutam pela retomada das celebrações da Santa Missa e católicos que defendem a manutenção da proibição das celebrações.

Como católico, gostaria de emitir minha opinião.

Em primeiro lugar, desde o início, afirmo aos leitores que me posiciono firmemente ao lado daqueles que militam pelo retorno das missas.

Na verdade, muito me espanta que a maioria do clero da arquidiocese tenha se posicionado contra a retomada das celebrações eucarísticas. Aliás, segundo defendeu o padre Manuel Joaquim em artigo publicado na Folha de Londrina, o povo deveria ficar em casa, mantendo-se vivo até a chegada de uma vacina. Isto é: que os fiéis fiquem sem missa até o êxito da ciência.

Não se trata aqui de uma discussão acerca da saúde dos fiéis que participariam da Santa Missa, mas a polêmica em tela somente existe em razão de que alguns padres progressistas não mais se conformam com a Tradição e com o Magistério da Igreja.

Usam de palavras bonitas, dizendo que a intenção é a defesa da vida acima de tudo, porém, na essência, querem instaurar um regime totalitário modernista salpicado por um marxismo barato, em que visam à imanentização da Igreja por meio de um discurso politicamente correto que cale os verdadeiros crentes.

Como católicos, porém, não deveria haver discussão alguma sobre a essencialidade ou não da celebração da eucaristia, pois, como ensina o Catecismo da Igreja Católica (CIC) em seu parágrafo 1324, “a Eucaristia é fonte e cume de toda a vida cristã.

Os restantes sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e obras de apostolado, estão vinculados com a sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Com efeito, na santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Páscoa”.

Nesse ponto, importa destacar que o argumento de não ter missas para salvar vidas é falacioso.

Explico: quando a Secretaria de Estado de Saúde do Paraná publicou, no dia 21/05, a resolução da SESA nº 734/2020, que permitiu, mediante o cumprimento de diversas regras sanitárias, a realização de atividades religiosas no âmbito estadual, sanou-se o problema, pois, segundo os especialistas do Estado, o cumprimento das regras expostas na resolução traz segurança para a saúde do celebrante e dos fiéis.

Mas, infelizmente, em transmissão ao vivo em rede social, o padre Manuel Joaquim levantou a hipótese de que as autoridades sanitárias teriam autorizado a volta das celebrações religiosas após supostas pressões políticas de bispos. Ou seja, para o citado sacerdote, quando a Secretaria de Saúde proíbe as celebrações, o faz com base na ciência, mas, quando as permite, possivelmente age de forma política.

Pergunto se este sacerdote, que afirma gostar tanto de se apoiar na ciência, procurou conhecer o documento da Associação Médica Católica dos Estados Unidos, que afirma que as Igrejas podem reabrir com a mesma segurança dos demais serviços essenciais, desde que tomadas as precauções recomendadas.

Portanto, como se nota, não se trata de uma polêmica em torno da saúde pública, mas de uma tentativa de impor uma visão mundana de Igreja.

Por fim, tendo a ciência de que o nosso Arcebispo gostaria do retorno das Santas Missas, diante da essencialidade da Eucaristia na vida dos católicos, faço meu pedido a Dom Geremias para que, por favor, ouça os padres que ainda acreditam que vivemos na Igreja Militante rumo à Igreja Triunfante, e que “pela Celebração Eucarística já nos unimos à liturgia do céu e antecipamos a vida eterna, quando Deus será tudo em todos” (CIC, § 1326).

Vitor Hugo Honesko, promotor de justiça em Londrina.