Segundo Alfred Nobel, “deve-se ajudar os sonhadores, pois eles acham difícil singrar na vida”. E para ajudar nesse navegar científico, foi criado uma das principais premiações mundiais, o Prêmio Nobel, cujo objetivo é reconhecer as pessoas que se destacam nos campos de Física, Química, Medicina, Economia, em promover a paz e a Literatura.

Primeiramente, é importante apontar como surgiu a premiação, pois Alfred Nobel era conhecido como inventor da nitroglicerina e da dinamite, desenvolvendo também mecanismos para tornar mais seguro os usos de explosivos, o que despertou o interesse dos setores de mineração e construção. Com o êxito de suas pesquisas, ele ascende socialmente como um milionário no século XIX. Porém, em 1896, um jornal o apelidou de “mercador da morte”, fazendo com que refletisse sobre o legado que deixaria para o futuro. Desta forma, em seu testamento, decidiu usar 94% de sua fortuna para fomentar a ciência, criando o prêmio que perpetuaria seu nome positivamente.

Nesse sentido, em 1901, surge o Prêmio Nobel de Literatura, no qual o intuito, assim como nas demais categorias, é reconhecer autores de todo o mundo, valorizando e disseminando a importância da obra escolhida, tanto pela trajetória do autor como também pelo conjunto da obra selecionada. Entretanto, um dado estatístico dos vencedores, revela que a maioria dos que já obtiveram a premiação, escrevem ou escreveram livros na Língua Inglesa ou Francesa, apresentando-se como uma das exceções, José Saramago, único representante de Língua Portuguesa, que venceu em 1998, aclamado pelo livro “Ensaio sobre a cegueira”.

Em relação à participação brasileira no prêmio Nobel de Literatura, já houve indicações de Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, Lygia Fagundes Telles, Guimarães Rosa e de João Cabral de Melo Neto. Contudo, a sonhada premiação não aconteceu. Entre as possibilidades para o fato, encontra-se o baixo investimento em pesquisa, a qualidade da Educação Básica no país, e, principalmente, o contexto geopolítico. Consequentemente, diante desse cenário, vê-se surgir obras que retratam o contexto histórico social das periferias como “Sobrevivendo no Inferno”, dos Racionais MC’s, “Quarto de Despejo”, de Carolina Maria de Jesus e “Olhos d’água”, de Conceição Evaristo. Títulos estes que já adentraram no cenário literário dos grandes vestibulares, como a Unicamp, de modo que, a tendência pode fazer com que a Academia Sueca descubra esses grandes escritores na atualidade nacional, presenteando-os com uma indicação futura.

Por conseguinte, percebe-se a necessidade da criação de um público leitor para que se renovem os escritores e desenvolva-se a escrita nacional de qualidade, uma vez que o repertório sociocultural e literário é imprescindível para o desenvolvimento da competência leitora. Portanto, o exercício da leitura auxilia o indivíduo na descoberta de contextos diversos, para que na prática composição textual, consiga se apropriar do léxico com o intuito de valorizar a palavra para sair dos clichês e construir um texto autêntico que seja digno de um Nobel de Literatura.

Patrícia Amorim da Silva, docente de Língua Portuguesa, do Colégio Presbiteriano Mackenzie - Tamboré

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