O reajuste de 18,8% no preço da gasolina e de 24,9% no diesel preocupa setores produtivos da economia nacional que preveem um período de grandes dificuldades pela frente. A nova alta foi justificada por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia, que elevou o preço do barril de petróleo para US$ 140. Somados aos reajustes anteriores, os novos preços podem inviabilizar o exercício de algumas atividades enquanto outras temem prejuízos à produção e perda de competividade.

Em dezembro de 2020, a gasolina era vendida nas refinarias por R$ 1,83 o litro. Com a alta anunciada , o preço mais que dobra em pouco mais de um ano. O impacto na inflação é inevitável.

Em nota, a Petrobras justificou os ajustes por temer risco de desabastecimento. "Após serem observados preços em patamares consistentemente elevados, tornou-se necessário que a Petrobras promova ajustes nos seus preços de venda às distribuidoras para que o mercado brasileiro continue sendo suprido, sem riscos de desabastecimento, pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras", disse a empresa.

A reação do mercado ao comunicado da Petrobras de reajuste nos preços dos combustíveis foi positiva e as ações da Petrobras subiram.

Se por um lado o povo e o setor produtivo estão chiando pelo reajuste que levou o preço da gasolina a mais de R$ 7,00 em Londrina, os acionistas da estatal não parecem ter do que reclamar. Segundo o jornal O Globo, eles votarão em abril proposta que prevê a distribuição de R$ 13,1 milhões à diretoria da companhia dentro do PPP (Programa Prêmio por Performance). Só o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, deve ganhar uma bolada milionária a título de bônus: R$ 1,45 milhão.

No mundo, vários países adotaram ações para conter a escalada dos preços do petróleo. Japão e Portugal, por exemplo, escolheram conceder subsídio a distribuidoras de combustível ou direto ao cidadão.

No setor de transporte rodoviário de cargas do Brasil, um dos mais impactados pelos aumentos sucessivos dos combustíveis, já se fala que muitos caminhoneiros deverão deixar as estradas não em protesto contra os aumentos dos combustíveis, mas por impossibilidade de se manter na atividade.

O aumento do preço dos combustíveis tem um efeito cascata e vai respingar em todos os setores econômicos. Em entrevista à FOLHA, o economista Marcos Rambalducci calcula que o aumento de quase 25% no preço do óleo diesel irá representar um incremento de 1,4% na inflação, reduzindo ainda mais o poder de compra da população.

Imagem ilustrativa da imagem O reajuste da gasolina e a dependência do modal rodoviário
| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

Poucos temas têm impacto tão direto no cotidiano econômico do brasileiro quanto o preço dos combustíveis, levando em conta que quase tudo que o cidadão consome passa pelas rodovias, do pão à carne, das roupas aos móveis.

Como a FOLHA vem falando incansavelmente nesse espaço, é preciso repensar o mais urgente possível a concentração da circulação de mercadorias e de pessoas quase que exclusivamente pelo modal rodoviário.

É preciso que o país deixe de ser tão dependente do transporte rodoviário e isso só vai acontecer quando houver mais investimento em outros modais de transporte.

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