O serviço penitenciário é particularmente importante para a sociedade, pois de sua qualidade depende a possibilidade real de o preso voltar à sociedade de uma forma a ter melhores condições para não voltar ao crime. Um profissional se esforça sobremaneira dentro das prisões para manter a ordem e, na medida de suas possibilidades, garantir a justa aplicação da Lei: o policial penal, que aos olhos da sociedade tem um papel menor ou até mesmo negativo. Vive pressionado entre presos, o estado e a sociedade.

A Lei 12.342 de 24/9/1998 instituiu o dia 13 de novembro como o Dia do Agente Penitenciário do Paraná, (agora mudado para Policial Penal). A escolha da data foi em lembrança e homenagem ao agente Adalberto Gomes da Silva, morto na Penitenciária Central do Estado em Piraquara em 13/11/1989 numa das mais violentas rebeliões ocorridas no estado até então. Os debates e as discussões sobre a segurança pública e prisional intensificam-se entre intelectuais, especialistas, administradores e mídia. Entretanto, pouco se tem produzido com relação ao personagem que é o primeiro a sentir as consequências dos grupos organizados de criminosos, só pra citar um exemplo.

O trabalho de resolução de crises e conflitos é uma constante nas prisões. Não raro policiais precisam usar de habilidades que vão além das questões de segurança. Estes fatos tornam a profissão extremamente desgastante. O policial penal, por sua função, é obrigado a ter uma vida restrita, pelos riscos inerentes à profissão. Não pode frequentar muitos lugares, pois pode ficar exposto a ataques ou, no mínimo, constrangimentos por parte de ex-presos ou mesmo grupo de criminosos organizados. No lazer, o policial se vê restrito a ocasiões íntimas, não sendo recomendado ir a lugares públicos. Por extensão, suas famílias também sofrem restrições sociais.

A saúde física e mental dos policiais é prejudicada diretamente pela função que exercem. Durante o exercício da profissão são contraídos uma série de problemas como diabetes, hipertensão, ganho de peso, estresse e depressão. O quadro se agrava com o tempo e a qualidade de vida desses profissionais tende a piorar com o passar dos anos dentro das prisões.

Os problemas dos policiais penais em todo o estado do Paraná têm se agravado com a falta de efetivo para o serviço. Com o tempo profissionais foram desviados para outras funções administrativas e operacionais, assim como vários se aposentaram ou deixaram a profissão, sem falar nos que se foram cedo, levados pela violência de criminosos. Não houve reposição dos profissionais necessários. Hoje se trabalha bem mais com menos agentes.

O planejamento por parte do estado na questão penitenciária sempre tem deixado a desejar. Embora os gestores pouco façam para resolver os problemas graves de pessoal os policiais continuam nessa missão difícil e ingrata, mas extremamente necessária. No dia do policial penal temos a comemorar o trabalho árduo, lamentar os que desviaram-se do caminho da ética e olhar um futuro com esperança que seja melhor para os que chegam. Que a sociedade e os governos reflitam sobre a importância deste profissional.

Wilson Moreira (policial penal, sociólogo e poeta) Londrina