A crise é mundial e o tombo nas economias é global. Mas todos os países amargarão um prolongado tempo de atoleiro ou teremos nações que conseguirão enxergar mais rapidamente a luz no fim do túnel? A resposta é sim. Certamente, aqueles países que estão focados em soluções reais para a pandemia, unindo governos e sociedade civil de forma organizada em torno de um objetivo sairão mais cedo da crise. Se você perguntou se o Brasil está entre esse grupo privilegiado, a resposta, infelizmente, é não.

Semana a semana, o país convive com situações de conflitos totalmente desnecessários. Governo federal, Congresso e STF (Supremo Tribunal Federal) elegendo as divergências como a principal pauta quando o que o povo pede são soluções para o enfrentamento da crise. Essa é a principal emergência.

Isso não significa que investigações de casos como o das fake news, da suposta interferência do presidente da República na Polícia Federal, do desvio de recursos da Saúde do Rio de Janeiro, entre outros, não sejam importantes. A questão é a pauta que está tomando a atenção das nossas autoridades. Não deveríamos hoje priorizar os projetos para vencer a crise da Saúde e da Economia?

Nesta quinta-feira (28), enquanto o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgava que a pandemia do novo coronavírus contribuiu para que 4,9 milhões de postos de trabalho fossem perdidos no Brasil, a briga entre Bolsonaro e os ministros do Supremo monopolizava a pauta dos três poderes.

O País precisa de projetos para vencer o coronavírus no âmbito da saúde e da economia. Para tanto, é preciso que os governos (federal, estaduais e municipais) olhem para uma mesma direção. Hoje, os atores políticos jogam a culpa de um lado para o outro quando se trata das consequências da pandemia no bolso do trabalhador e dos empresários, mas amanhã todos serão responsabilizados. Se nada for feito, a conta que vai chegar às mãos do cidadão será bem salgada.

E a lição vale para todos. É preciso cobrar soluções dos gestores públicos em todos os níveis. Infelizmente, muita gente aproveita a pandemia para tirar alguma vantagem. É o caso da notícia que a FOLHA traz hoje em sua editoria de Política. O Tribunal de Contas do Estado e a Controladoria-Geral da União identificaram, por meio do cruzamento de dados, que 10.648 servidores, de 388 prefeituras do Paraná, podem ter recebido o auxílio emergencial do governo federal, num montante de R$ 7.319.400,00.

Os servidores estariam usufruindo de um benefício criado para que a população mais vulnerável possa enfrentar os efeitos econômicos da pandemia e se destina apenas a trabalhadores informais, microempreendedores individuais, autônomos e desempregados. Usar a Covid-19 para aplicar golpe é total falta de dignidade.

A FOLHA agradece a preferência