O mundo está impotente!
Desde sempre, guerras buscam riqueza e esta não é diferente!
PUBLICAÇÃO
domingo, 22 de junho de 2025
Desde sempre, guerras buscam riqueza e esta não é diferente!
Padre Manuel Joaquim R. dos Santos
Putin conversou uma hora e meia com o papa Leão XIV sobre o conflito na Ucrânia e no dia seguinte promoveu um dos maiores ataques desde o início da guerra. Reclamou da “falta de liberdade religiosa” no país invadido! Acusou Zelensky de terrorismo e agradeceu ao papa os esforços pela paz! Cinismo puro! Não está interessado em parar a invasão até que metade da Ucrânia lhe pertença!
Ele não é inédito nisso! Desde sempre, guerras buscam riqueza e esta não é diferente! “Terras raras”. Entre os elementos presentes nessas "terras" da Ucrânia estão ferro, manganês, urânio, titânio, lítio, minérios de zircônio, além de carvão, gás e petróleo. Eles são essenciais para a fabricação de baterias, equipamentos médicos, armas e componentes da indústria aeroespacial. Putin é o novo czar autocrata que explora como ninguém a fragilidade da ONU ou dos tribunais internacionais. Avança sobre o ocidente entregando a sua consciência ao enorme arsenal nuclear que possuiu!
Gaza é, hoje, pouco mais do que um topônimo. Em pouco tempo, o território onde viviam cerca de dois milhões de palestinos estará pronto para a construção dos resorts que Trump tanto almeja! Israel avança impunemente numa das mais infames limpezas étnicas que já assistimos.
A história nos recorda uma anterior, que teve os judeus como alvo, sob Hitler. Benjamin Netanyahu tem planos. O primeiro deles é sobreviver internamente. Guerra além fronteiras é “paz em casa”! Mas não é só isso! Há o desejo inconfesso de se ter um só território e um só país, ao contrário do que se preconiza desde 14 de maio de 1948. Sob a proteção dos EUA, agora mais do que nunca, ele avança com os seus tanques e mísseis sobre Gaza deixando um rastro de destruição e morte.
Um ataque perverso do Hamas em 07 de outubro de 2023 torna-se álibi deste genocídio. Como se fosse pouco, invadiu o Irã, um país soberano, visando eliminar armas nucleares. Não passa de uma suspeita. Não esqueçamos que os EUA e a Inglaterra arrasaram o Iraque acusado de possuir armas químicas. Dez anos depois, um relatório negou veementemente que as tivesse! Netanyahu não teme boicotes, manifestações de antissemitismo ou ameaças! A ONU tornou-se irrelevante.
Trump está solto na sua cruzada autofágica de eliminar um a um os símbolos da democracia e do Estado de Direito nos EUA. Agindo como um monarca absoluto, testa as defesas e a resiliência dos americanos.
Internamente não sabemos até quando! No momento em que escrevo, ele “invade” Los Angeles com a Guarda Nacional e ameaça com o uso de fuzileiros. O inimigo? Manifestantes que protestam nas ruas de um país, até ontem, estereótipo da liberdade de expressão! Aliás, não deixa de ser hilário ver os adeptos da extrema direita reclamando esse tipo de liberdade absoluta e idolatrando Trump!
Vivemos, de fato, num tempo de incongruências patológicas totais ou quiçá, de uma disfunção cognitiva generalizada! Afastado do Acordo de Paris, da OMS e de tantas outras organizações e menosprezando a ONU, Trump trilha um caminho perigoso para a América e para o mundo. Ninguém o consegue parar! Elegeu os emigrantes como inimigos da pátria, ignorando que a América é fruto da emigração e que hoje, eles continuam essenciais para o funcionamento da nação. Trump é um mentiroso contumaz. Pratica a mitomania como instrumento de domínio e usa as confusões que se sucedem, com o mesmo objetivo.
São casos de impunidade, perante os quais o mundo se sente impotente. Os arcabouços legais globais que surgiram no pós guerra, bem como o equilíbrio da Guerra Fria, estão arcaicos ou desapareceram. O sapiens vive hoje um de seus mais delicados e frágeis momentos. Um simples apagão (como aconteceu há pouco tempo na Península Ibérica) escancarou essa fragilidade! Os conflitos que promovem matanças mundo afora mostram uma tendência belicista destruidora que ninguém parece segurar!
O pior que pode acontecer à nossa civilização é deixar aflorar esse sentimento de impotência que rouba a esperança e liberta a barbárie. As palavras dos últimos papas são incisivas nos alertando dos perigos para a existência humana, se continuarmos trilhando estes caminhos.
Padre Manuel Joaquim R. dos Santos, Arquidiocese de Londrina

