A aglomeração que se formou na rodoviária de Curitiba, na manhã deste domingo (21), é um retrato perfeito do descaso ao qual a população tem sido vítima em meio a uma pandemia que já matou quase 250 mil brasileiros. Isso porque a prova do processo seletivo para a contratação de servidores para a Polícia Civil do Paraná foi cancelada horas antes do horário marcado.

Dos 106 mil inscritos de várias cidades do país, muitos são pais de famílias, alguns desempregados que, em meio a uma pandemia, tiveram que empregar suas reservas para arcar com transporte, hospedagem, alimentação e outras despesas referentes à viagem à Capital. Em tempos de incertezas, quem se preparou por meses para o teste e sonhava com a segurança de um emprego público, terá que viver por mais algum tempo de dias atribulados.

O cancelamento impactou todos os candidatos, mas a situação foi mais dramática para quem teve que procurar a rodoviária para trocar passagens, ou mesmo tentar embarcar de volta para casa, já que não há uma nova data prevista. O clima era de revolta geral e indignação nas enormes filas que pegaram a administração da Rodoferroviária de Curitiba de surpresa.

Qualquer decisão que promova aglomeração em meio a pandemia da Covid-19 é um ato criminoso, ainda mais com as variantes do novo coronavírus se espalhando pelo país. A situação de Araraquara, no interior de São Paulo, é um exemplo. A prefeitura precisou decretar lockdown total após o sistema de saúde do município entrar em colapso com tantos casos da doença.

Boa parte dos inscritos para o concurso é de outros estados. Victória Andrade, bacharel em Direito, saiu de Exú, no sertão pernambucano, e viu o sonho de passar no concurso se tornar um pesadelo. A revolta também tomou conta das redes sociais. Ao todo, 106.338 candidatos se inscreveram para as 400 vagas, sendo 300 para investigador, 50 para papiloscopista e 50 para delegado.

O NC-UFPR (Núcleo de Concursos da Universidade Federal do Paraná) se manifestou por nota em seu site oficial, alegando que o motivo da suspensão se deve à ausência de requisitos indispensáveis de segurança para a aplicação das provas, na última checagem realizada na madrugada deste domingo (21). Será que os problemas não poderiam ser detectados antes? O contágio, infelizmente, não se dá somente no momento da aplicação da prova.

A Polícia Civil disse que foi pega de surpresa e o Governo do Estado informou que irá abrir um processo por quebra de contrato contra o NC-UFPR. O fato é que o episódio, gravíssimo sobre todos os aspectos, demanda uma resposta rápida e efetiva.

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