O LEITOR ESCREVE
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 21 de agosto de 2001
Copel (1)
Passei doze horas seguidas anteontem no Centro Cívico cercada por toda a Polícia Militar do meu Estado, entre estudantes, trabalhadores, sindicalistas, pessoas do povo, ora correndo, ora enfrentando a polícia. Uma polícia que também sentia medo de estar ali exposta à população irada. Não senti fome nem cansaço; descobri que a indignação alimenta e dá força. Não fui agredida fisicamente, embora em duas ocasiões tenha tentado impedir o avanço da tropa contra os estudantes, de braços abertos, tendo na minha frente um pobre policial me empurrando com seu escudo e cassetete em punho.
Olhos nos olhos, vi muito medo nos olhos dos policiais. Não me agrediram. Talvez tenham se penalizado com uma mulher chorando, pedindo-lhes que se acalmassem, que não agredissem os estudantes. Tentei explicar que não éramos nós que estávamos atirando as pedras, mas baderneiros que se infiltraram entre os estudantes, para nos colocar contra a polícia. O policial me respondeu com um murmúrio: ''Eu sei.''
Fomos impedidos de acompanhar a votação dentro da Assembléia. As pessoas comprometidas com o governo ocuparam uma galeria. Na outra onde deveriam ficar os representantes do povo estavam os seguranças, os P2 (policiais sem farda) e uns poucos com convites, que eram recolhidos na entrada. Para garantir a vitória do governo um os deputados que talvez mudasse seu voto, Custódio da Silva (PFL), foi substituído em plena sessão pelo titular da cadeira, o secretário dos Transportes Nelson Justus e que hoje já deve ter reassumido sua pasta.
O voto da ''vitória'' do governo foi dado pelo deputado Litro, que veio direto do hospital onde estava internado por problemas cardíacos de ''pressão governamental''. Chegou carregado, sob efeitos de sedativos. Luiz Fernandes Litro (PSDB) que foi levado quase inconsciente para a votação, só compareceu no plenário para responder a chamada e para votar.
Companheiros, esta luta não acabou! Anteontem, um importante ''figurão'' do governo gritou para mim num corredores da Assembléia: '' Vá cuidar dos teus filhos e dos teus netos!'' Não respondi. Era o que eu estava fazendo ali: cuidando do futuro dos meus netos.
- NÉDIER BRUSAMOLIN MLLER, Curitiba, através do site da Folha, no portal www.bonde.con.br
Copel (2)
A democracia brasileira é representativa, ou seja, as pessoas são eleitas de forma direta para representar a vontade popular. No caso da Copel, fica evidente que essa democracia representativa está sendo aviltada, o que torna o resultado da votação, se contrário a essa vontade popular, ilegítima.
- JOÃO CARLOS PERES, Alvorada do Sul, através do site da Folha, no portal www.bonde.com.br
Copel (3)
Por que em vez de vender a Copel, a Assembléia Legislativa do Paraná, não faz uma investigação de onde foi parar o dinheiro das outras vendas que o governador do Paraná fez? Com os valores recebidos, se bom governante fosse, o Estado não estaria sem recursos para pagar os empregados. Vende a Copel e daqui a menos de um ano não terá mais nenhum recurso financeiro e nem empresa para usar como aval para fazer seus empréstimos. Será que se fizerem uma investigação como a revista ''Veja'' fez em cima do senador Jader Barbalho, não encontrariam muito dinheiro dos paranaenses nos paraísos fiscais do mundo em nome desse governador e de seus familiares?
- JÚLIO TEIXEIRA, Maringá, através do site da Folha, no portal www.bonde.com.br
Copel (4)
No caso da venda da Copel, nem os sem-terra foram tratados da maneira com que foram tratados os estudantes, que apenas manifestaram sua reprovação na venda da Copel. Como diria Bóris Casoy: isso é uma vergonha!
- REGINA EISENBACH, Curitiba, através do site da Folha, no portal www.bonde.com.br
Copel (5)
Parabéns a esse governo justo e consciente que privatizou a Copel. Chega de ''barnabés'' que não fazem nada. Chega de empresa estatal. Quero ver agora: os funcionários vão ter que trabalhar.
- CARLOS LEMOS, Curitiba, através do site da Folha, no portal www.bonde.com.br
Copel (6)
Governo corrupto e neoliberal. Deputados calhordas (maioria, inclusive alguns que votaram contra a venda). Resultado: nas eleições de 2002, vamos botar esses canalhas para correr! Enquanto isso, lutemos pela manutenção da Copel em nossas mãos! Ainda há chances!
- TARSO CABRAL VIOLIN, Curitiba, através do site da Folha, no portal www.bonde.com.br
Copel (7)
Muito boa a cobertura que o Bonde fez. Gostei muito. Parabenizo os jornalistas que ficaram o tempo todo procurando nos informar de tudo o que estava acontecendo lá na Assembléia. Apesar de não ter me conformado com o resultado e ter mais uma prova que a democracia realmente não existe, foi muito bom poder acompanhar, minuto a minuto, o que estava acontecendo lá.
- LUCIANA PRESTES, Curitiba, através do site da Folha, no portal www.bonde.com.br
Copel (8)
Como ex-aluno do Colégio Estadual do Paraná, fico muito envergonhado em ver alunos participando de vários atos de vandalismo, tanto contra o governo municipal quanto estadual. No período que estudei lá (durante o governo anterior ao atual), era terminantemente proibida qualquer tipo de participação em atos de protesto. Certa vez alguns alunos envolvidos em um confronto com a polícia sobre a questão do passe escolar foram identificados pelas fotos dos jornais e punidos imediatamente.
Nada contra o direito de protestar, mas o problema é que além do cunho político, muitas vezes existe envolvimento com drogas e bebidas. Eu mesmo já pude presenciar alunos levando garrafas com diversos tipos de bebidas alcoólicas. Acredito que a direção do colégio não deveria permitir a exposição do bom nome do colégio em troca de questões políticas.
- WEVERGTON ADÃO, Curitiba, através do site da Folha, no portal www.bonde.com.br
Copel (9)
É preciso separar muito bem privatização, a que sou particularmente favorável, de safadeza com o patrimônio publico, que é inadmissível. O que houve na venda da Copel foi de má-fé, para dizer pouco. Agora compete a nós, eleitores, que nos sentimos traídos, dar o troco em 2002. O governador Jaime Lerner foi reeleito em primeiro turno, mesmo depois de implantar pedágio de forma arbitrária em nossas rodovias; seu candidato a prefeito também foi reeleito, mesmo já sabendo na época qual seriam os planos do governo para a Copel. Compete a nós, sociedade civil, que elegemos os atuais governos, saber que temos uma parcela de culpa nisso tudo.
- JOÃO DALLAMUTA, Curitiba, através do site da Folha, no portal www.bonde.com.br
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