O LEITOR ESCREVE
PUBLICAÇÃO
sábado, 17 de março de 2001
Causa e efeito
Deu lá no New York Times, que nos Estados Unidos foi batido o recorde de doações para a Educação. Desta vez um só doador deu US$ 360 milhões e, o que é mais importante, pediu para ficar no anonimato. Ele quebrou o recorde anterior que era de US$ 306 milhões.
Esses recursos serão destinados a uma Universidade de New York, que ajudará no custeio dos estudos de alunos carentes, e para incentivar pesquisas científicas do cérebro humano.
Deu aqui também em vários jornais da grande imprensa brasileira que, ao contrário que ocorre lá, aqui o desvio das verbas do Fundef bateu o recorde no ano 2000, quando desde os governantes, secretários de Educação, prefeitos e secretários de Finanças municipais, muitos deles que deixaram seus cargos - e ficaram no anonimato -, gastaram as verbas em pagamentos de contas particulares, desvio de verbas para compra de carros do ano. Deixaram seus sucessores com o abacaxi e o pepino nas mãos.
Agora na volta às aulas o que vemos são escolas caindo aos pedaços, crianças sentadas em cima de caixotes, sem transporte escolar, sala de aula dentro de contêineres, sem nenhuma condição de aprendizado. E o pior de tudo isso é que nunca neste país os governantes e os donos do poder investiram tanto em construção e reformas de delegacias e penitenciárias de segurança máxima, esquecendo da valorização dos professores e da educação. Prova disso são os verdadeiros barris de pólvora das penitenciárias de todo País e da Febem em São Paulo, onde pelas estatísticas 96% das crianças e jovens que por ali passam voltam para as ruas, na prática da violência, sem nenhuma perspectiva de oportunidade dada pelo Estado e a sociedade.
Os governos gastam R$ 1,2 mil para manter um preso, pagam míseros R$ 350,00 para professores, sem vale-transporte nem auxílio alimentação. Com a palavra os donos do poder.
Para aqueles que querem um mundo melhor, o homem deverá construir menos paredes e sim pontes entre o saber e a ignorância do analfabetismo.
- JOSÉ PEDRO NAISSER, ambientalista, Curitiba
Erosão
Quem acompanha as notícias sobre problemas de erosão das praias ao longo do litoral paranaense deve ter observado que nos últimos dois anos elas quase desapareceram dos jornais. Que aconteceu? Os problemas foram resolvidos e estamos livres definitivamente deles? Infelizmente não. Estudos recentes desenvolvidos pelo Laboratório de Estudos Costeiros - Lecost - da Universidade Federal do Paraná, evidenciam que em muitas praias, principalmente aquelas de mar aberto, distantes das barras de baías, houve intensa erosão das praias durante o período de junho de 1997 a junho de 1998, e que nos últimos dois anos o mar devolveu à praia parte da areia que retirou no período anterior. Quais as causas deste comportamento?
Em publicação recente aventamos a hipótese deste fenômeno estar associado às oscilações climáticas de El Niño e La Niña. Na região Sul do Brasil, durante a ocorrência de eventos El Niño, aumenta a energia das ondas de tempestade vindas do sudeste, que propiciam a erosão da praia. Durante eventos La Niña, a energia diminui e as ondas de bom tempo devolvem areia à praia, promovendo sua recuperação. Deste modo, os problemas de erosão costeira têm diminuído, provavelmente por causa de condições climáticas e oceânicas favoráveis.
Se nossa hipótese estiver correta, é só esperar por um novo El Niño para os problemas de erosão costeira reaparecerem no nosso litoral. Melhor que esperar seria tomar medidas preventivas para diminuir o impacto sobre a zona costeira de um novo período de erosão das praias que certamente virá. Cabe lembrar que, da mesma forma que na medicina, a prevenção é sempre melhor e mais barata. Infelizmente, as medidas contra a erosão costeira são tomadas quando o paciente está em fase terminal. Aí, os custos são altíssimos e a saúde do paciente fica abalada.
- RODOLFO ANGULO, Laboratório de Estudos Costeiros do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Paraná
Copel
Percebemos, como nunca, que a população do nosso Estado está querendo saborear as glórias da democracia. Este momento é único e merece reparação. A Copel está sendo um exemplo concreto do que estamos querendo dizer. As pessoas estão se mobilizando, as entidades de classe, as organizações não-governamentais e tantos outros segmentos da sociedade querem participar das decisões do governo e, para felicidade de todos, não estão ingerindo as incoerências de poucos.
A população não quer a venda da Copel. Isto já está comprovado. É preciso fazer valer a opinião pública, afinal, isto é democracia. A Copel é um patrimônio paranaense e a sociedade, como nunca, tem esta consciência. É uma empresa rentável, que cumpre um papel econômico e social. Tem um valor estratégico imensurável
e não importa onde, cumpre a missão de levar energia elétrica a todos os lugares, inclusive para as distâncias rurais.
Parabenizamos a população paranaense pela mobilização em favor deste nosso patrimônio, a nossa Companhia de Energia Elétrica. A Copel não pode ser vendida, caso contrário, a luz da democracia será apagada.
- MOYSÉS LEÔNIDAS, deputado estadual, Londrina
Cafeicultura
Na época da elaboração da política de retenção, houve uma expectativa animadora em relação ao mercado de café. Infelizmente o tempo passou, houve uma frustração geral nas várias cotações, com quedas bastante acentuadas, que estão levando a cafeicultura ao desespero e desamparo.
Criou-se no Brasil subsídio e intervenção para compra de estoques, quando na maioria dos países civilizados o setor rural é fortemente defendido por inúmeras razões. Estamos há anos vendendo café que formou estoque estratégico do IBC, e não podemos esquecer que foi comprado com dinheiro do próprio cafeicultor, de quem era tirada uma parte substancial por ocasião das exportações, na época chamado de confisco cambial, que possibilitou a criação dos armazéns, prédios e tantas obras do governo em outros setores. Com o passar do tempo, o dinheiro desapareceu, como hoje acontece com o FGTS do trabalhador.
Comprando café novamente do cafeicultor, o governo não estará fazendo nenhum favor, pois o dinheiro estará retornando à sua origem, a quem verdadeiramente pertence. Intervindo no mercado, o governo poderá dar baixa nos financiamentos existentes e estará recebendo garantia real da mercadoria, e poderá colocar dinheiro novo no mercado, o que fará com que o setor tenha liquidez.
Continuando com a atual situação só estaremos abrindo o famigerado guarda-chuva para nossos concorrentes, o que realmente irá acontecer. Mas o objetivo emergencial é socorrer o produtor brasileiro.
Em um país de tantas injustiças, devemos procurar trazer ao homem do campo os recursos para um setor pródigo em empregos diretos e indiretos, que há séculos vem carregando o País nas costas, sem murmurar, mas somente com o rosto coberto de suor e nunca de lágrimas.
- AMÉRICO FERNANDES, Maringá
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