Mário Covas (1)
A última vez que estive com Covas foi em agosto do ano passado em um Congresso de Shoppings Centers em São Paulo. Ele reclamava da ausência de seus ex-colegas de Senado no Palácio Bandeirantes, o que o deixava muito só. Insistiu e eu prometi fazer uma visita logo que fosse a São Paulo. Ao ocorrer a oportunidade, ele já se encontrava no hospital, entre médicos, numa dolorosa batalha pela vida.
Conheci o Covas no Senado. Quando chegou, eu já me encontrava há quatro anos. Lembro-me, de uma certa feita, em companhia de Fernando Henrique, ele me perguntava sobre a então imagem de São Paulo no Senado. E eu disse: ‘‘São Paulo aqui não tem vez, é tratado como uma criança. Dificilmente consegue ter general de quatro estrelas ou Ministro do Supremo. Minas e o Rio Grande do Sul nunca deixam.’’ E eles dois se manifestaram surpresos, a despeito de tratar-se de uma evidente brincadeira.
A sua qualidade de líder foi comprovada por um fato: embora sendo engenheiro, ele foi escolhido por unanimidade, como líder da Constituinte. Como líder, esperava-se que o Covas optasse por um anteprojeto de Constituição. Poderia mesmo aproveitar o projeto Afonso Arinos, que fora elaborado por iniciativa da Presidência da República.
Todavia, escolheu o caminho mais difícil. Partiu de uma discussão ampla sobre o assunto, em que cada subcomissão apresentava um esboço inicial de trabalho. E isso alongou em muito os trabalhos constituintes, mas, como consequência, possibilitou a feitura de uma carta abrangente, resultante de debates amplos, permitindo a participação de todos os segmentos sociais. Resultado: a Constituição de 1988 é dentre todas a mais democrática que o País já conheceu. Na época em que juntamente com outros líderes de São Paulo ele lutava para a criação do PSDB, por falta de espaço partidário dentro do PMDB, eu pessoalmente dei todo apoio à proposta.
Ele foi um homem de rígidos princípios. Quando Fernando Henrique se entusiasmou em ser ministro das Relações Exteriores do Collor, Covas vetou a pretensão.
Antes de conhecê-lo, convivi bem com o seu pai, que vinha sempre a Londrina em atividade comercial do café, isso por volta de 59/60. Não esqueço como ele, com moderação, mas com muita frequência, procurava exaltar as qualidades do filho. Na realidade, as suas previsões se confirmaram. Com o Covas morre um democrata, um homem íntegro, um grande administrador, um brasileiro de grande estatura pública.
- LEITE CHAVES, ex-senador, Londrina
Mário Covas (2)
O PSDB, fundado há mais de dez anos, perdeu uma de suas grandes estrelas: o político e engenheiro Mário Covas. Ele que, em meados dos anos 80, juntamente com Fernando Henrique, José Richa, Franco Montoro, Teotônio Vilela, entre outros, poucos anos após o término do regime militar, fundaram o Partido da Social Democracia Brasileira.
Covas foi um dos principais porta-vozes do ideal social-democrata. Ideais que buscavam a radicalização da democracia, a igualdade e o combate aos privilégios. Covas era daqueles administradores que comandava pondo a ‘‘mão na massa’’. Ingressou na política aos 31 anos de idade, quando disputou a Prefeitura de Santos e foi derrotado. Ensinou que a derrota nas urnas nem sempre significa uma derrota política.
Poderemos sempre dizer que Covas foi um vitorioso. Foi ele o senador que mais conseguiu votos em toda história do Brasil. É claro que ele venceu. Venceu porque conseguiu deixar às novas gerações um legado de honestidade e de coragem. A mesma coragem com a qual todos os brasileiros o acompanharam nos últimos meses de sua vida. A coragem de enfrentar o povo de São Paulo cara a cara na rua, como pude presenciar pessoalmente certa feira. Coragem essa, que nenhum outro político possui.
Também teve muita coragem quando lutou pela democracia após ter seus direitos políticos cassados pelo AI5 juntamente com outros tantos na década de 60. Direito democrático que assegurou àqueles que o criticavam (e que às vezes o agrediam). Com isso, Mário Covas lutou e ajudou a edificar as estruturas da social-democracia em um país como o nosso, marcado por enormes e seculares desigualdades sociais e por uma distribuição de renda indiscritivelmente injusta. Uma força singular em um ser humano, que o imortaliza como um verdadeiro estadista.
Essa, com certeza, foi a maior vitória na passagem da vida desse homem. Exemplo resumido em uma frase dita por ele: ‘‘Em tudo que faço existe começo, meio e fim.’’
- MARCOS DEFREITAS, secretário-geral do PSDB em Londrina
Dia Internacional da Mulher
Nós, mulheres militantes do Partido dos Trabalhadores, queremos homenagear a todas as mulheres neste 8 de março. A todas nós, guerreiras, diante da injustiça, da miséria, da discriminação (seja ela qual for), da violência, da exclusão social, da cultura machista e segregadora da sociedade em que vivemos.
Mostramos ao País nas últimas eleições o espaço das mulheres. Nos candidatamos, discutimos políticas públicas de forma organizada, fomos eleitas - não só pessoas, mas projetos políticos que visam uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna.
A sociedade que sonhamos e acreditamos que possa ser construída deve ser de igualdade entre homens e mulheres. É preciso desenvolver ações afirmativas como uma estratégia de política social voltada para estabelecer a igualdade entre mulheres e homens em diversas instâncias - no mercado de trabalho, na política, no lazer, na arte. Ainda é preciso promover a igualdade de responsabilidade entre gêneros nas relações familiares, dividir as tarefas; refletir e elaborar políticas de valorização da diferença feminina, pois ‘‘querer estabelecer somente políticas voltadas à inserção das mulheres no espaço modelado pela experiência dos homens e pelas imagens masculinas pode reproduzir a concepção estereotipada de que o conteúdo dos trabalhos preenchidos pelas mulheres seja fruto unicamente da opressão que estas sofreram’’.
Construímos de geração em geração, nossa forma de ver e entender a sociedade para lutar e propor mudanças, não podemos correr o risco da destruição de nossos sonhos e projetos neste mundo comandado pelos grandes veículos de comunicação de massa, que querem ditar moda, comportamentos e atividades quase sempre desrespeitando nossa cultura e nossas diferenças. Colocar todas as mulheres no mundo perverso da televisão é uma atitude que tem que ser boicotada, desestimulada e debatida em toda sociedade, assim como, letras de músicas que insultam, incentivam a violência contra as mulheres; isto deve ser motivo de debate em todos os espaços onde atuamos: partidos, sindicatos, escolas, igrejas etc. Temos que dizer não a esse tipo de produto machista. Se hoje é um tapinha que não dói, amanhã será o quê?
Mulheres, mães, trabalhadoras, guerreiras os nossos parabéns e vamos à luta pelos direitos que são nossos e garantir os que ainda não são.
- MÁRCIA LOPES, vereadora, Londrina
Correção
- Sobre a matéria ‘‘Cortinas Fechadas para Reforma’’, publicada na edição de ontem, a Secretaria de Cultura de Londrina esclarece que os 12 aparelhos de ar-condicionado adquiridos pela instituição em 1997, na verdade, foram comprados para o uso nas dependências da Secretaria de Cultura e não destinados ao Teatro Zaqueu de Melo, conforme informaram à reportagem da Folha2.
- As cartas devem ser datilografadas e assinadas e vir acompanhadas da fotocópia de documento de identidade, endereço e telefone para contato e profissão/ocupação do remetente. O jornal poderá resumi-las conforme disponibilidade de espaço. Correspondência via Internet deve conter: nome completo, cidade de origem, telefone, documento de identidade e endereço eletrônico e profissão/ocupação. E-mail da Folha de Londrina/Folha do Paraná: [email protected]