O LEITOR ESCREVE
PUBLICAÇÃO
sábado, 24 de fevereiro de 2001
Estradas
Na última semana, a nossa esquecida região Noroeste após as plantações de bananeiras e outras culturas em nosso precário asfalto recebeu a notícia que o governador Jaime Lerner faria uma vistoria nas estradas, e até andaria de carro pelas crateras que tomam conta delas. Admiradas pela coragem e disposição do governador, as lideranças políticas regionais começaram a se estruturar para receber e cobrar medidas drásticas e solucionáveis de nosso chefe estadual.
Na quarta-feira última, em data e hora marcada, várias pessoas aguardavam o governador. Mas por uma obra do destino, ou melhor, por um acontecimento sem explicação, o governador resolveu cancelar sua viagem, mandando seu representante, o secretário Nelson Justus.
Apesar do acontecimento pouco constrangedor, e das palavras políticas do secretário, afirmando que a situação não é tão caótica, tal visita foi de grande validade para a região, pois no momento em que chegavam os visitantes, estavam começando a tapar os primeiros buracos na pista, dando assim um sinal de recuperação, ou pelo menos uma imposição de ordem e respeito.
Tal operação de recuperação vem a acalmar um pouco mais os ânimos do povo do Noroeste, que não quer nem necessita de visita de governador, mas, que quer ser visto e atendido como as outras regiões do Estado, não importando que venha para a vistoria o governador ou secretário, mas, importando sim que suas reivindicações e problemas sejam solucionados. Não basta a presença física de um governador, mas sim sua demonstração de trabalho e reconhecimento a quem o elegeu.
- FRANCISCO BONI, universitário, Santa Cruz do Monte Castelo
Sistema prisional
A rebelião de presos do dia 18 evidenciou, mais uma vez, a falência do nosso sistema prisional. A tendência é o agravamento da situação, isto porque os presídios brasileiros, não estão cumprindo com a sua função social, perdendo quase que definitivamente sua característica de penitenciária, isto é, local de penitência e resgate da dignidade.
Instituições como a penitenciária (assim como a escola e o hospital) foram criadas pela Igreja Católica, ainda na Idade Média, justamente para assegurar às pessoas os direitos básicos de educação, saúde e a oportunidade de reparar as faltas cometidas no convívio social. Hoje, em meio a uma cultura secularizada, tanto a escola, quanto o hospital e a penitenciária perderam de vez o sentido original.
O que fazer? A adoção das penas alternativas é vista como uma das soluções possíveis para minimizar a injustiça de um sistema que pune mal, por não permitir a penitência e a recuperação dos indivíduos.
O detento não pode ser visto como coisa que é posta lá e esquecida. São seres humanos que cometeram infrações (muitos deles delitos leves) e que precisam ser punidos, mas ressocializados. Se a instituição descumpre com essa função (e missão), é evidente que os que lá estão vão se rebelar, porque o sistema atenta contra a dignidade da vida humana.
Pune-se bem quando o objetivo da punição é fazer com que o infrator não aja mais contra a lei. Se o sistema permite que o detento encontre condições de progredir no crime a partir do momento em que é preso, algo está errado e precisa de urgente correção.
- VALMOR BOLAN, professor e diretor de instituição de ensino, São Caetano do Sul
Educação (1)
Li, com certa preocupação, o artigo do deputado Alex Canziani, publicado no dia 18, intitulado Educação: uma lição de vida. Concordo plenamente com o deputado, que a escola pública está carente. Carente de uma política pedagógica definida, de espaços físicos e materiais pedagógicos adequados ao momento globalizado que estamos vivendo, para trabalharmos adequadamente.
O que me causa certa preocupação é a implantação do Projeto Conhecer, pelo qual serão premiados os alunos que obtiverem as melhores notas e, consequentemente os professores que tiverem o maior número de alunos com médias superiores a 6,5 e cuja frequência for acima de 75%.
Sabemos que o processo para avaliação do rendimento escolar envolve não somente um simples teste escrito ou oral, há a necessidade de desenvolvermos diversificadas maneiras de avaliação. Mas, mesmo contando com diversificadas maneiras de avaliação, a caneta azul ou vermelha está na mão do professor, e até que ponto uma nota 6, 7, ou mesmo 10 representa efetivamente o nível de aprendizado do aluno?
O que preocupa com um projeto como este, é que determinados profissionais se aproveitem ainda mais do momento para demonstrar que só existem alunos nota 10, e ainda, qual vai ser o critério para a seleção de alunos e do professor do município ou do núcleo que irão concorrer ao prêmio.
Esta situação já acontece em muitos estabelecimentos de ensino no nosso Estado, com escolas com índices de aprovação chegando a 98%, com média geral dos alunos em torno de 7,5, mas não sei por que tais médias não se repetem no SAEB (teste de conhecimento aplicado pelo governo federal), AVA (teste de conhecimento aplicado pelo governo do Estado), no ensino fundamental e no Enem, no ensino médio.
É necessário repensar, estruturar normas e regras bem definidas para que mais uma vez nossos alunos não sejam levados a pensar que sabem só porque tiram notas boas. Pois o pior analfabeto é aquele que sabe ler, mas não consegue entender.
- NILTON ROBERTO CREMASCO, professor, Uraí
Educação (2)
Ao deixar a Chefia do Núcleo Regional de Educação de Londrina teço algumas considerações: ao longo de minha vida profissional, busquei atingir meus objetivos no campo educacional com muita seriedade, retidão de propósitos e de princípios, galgando, gradativamente as diversas funções na área do magistério, através de aperfeiçoamentos, de um trabalho desenvolvido, desempenho e profissionalismo.
Os cargos são transitórios, tenho a consciência disto, e muitas vezes a troca é até saudável. O que não é natural e muito menos saudável é a demonstração inexplicável da leviandade com que vem sendo tratado assunto que merece respeito e zelo por parte dos órgãos públicos.
Minha saída do núcleo de Londrina não se trata de uma substituição rotineira em mudança de projetos políticos de novas administrações, mas de interesse particular do deputado que detém o mando político da educação em Londrina. Entretanto, como nos disse a senhora secretária, esta é a regra do jogo.
Lamentável que assim ocorra. O senhor governador citou, em uma carta enviada aos professores, um belo pensamento de Sócrates: As cidades não precisam ser governadas, precisam ser educadas. Como, se o profissional da educação não é respeitado? Acredito, apesar de tudo, em dias melhores para a educação e continuarei lutando e dando minha parcela de colaboração, pois não podemos perder as esperanças.
Aproveito o ensejo para agradecer aos colegas diretores, professores, funcionários pela amizade e solidariedade demonstradas através de cartas, telefonemas e jornais. À comunidade e amigos. Aos dezenove municípios pertencentes ao núcleo de Londrina, externo meu agradecimento pela manifestação. Fico muito feliz em saber que apesar de tudo conto com muitos amigos, isto é gratificante.
Como disse o Monsenhor Escrivá: Não dê muita importância ao que o mundo chama de vitórias ou derrotas. Sai tantas vezes derrotado o vencedor!
- MARIA GENOVEVA PUCCINI BELUCCI, Londrina
- As cartas devem ser datilografadas e assinadas e vir acompanhadas da fotocópia de documento de identidade, endereço e telefone para contato e profissão/ocupação do remetente. O jornal poderá resumi-las conforme disponibilidade de espaço. Correspondência via Internet deve conter: nome completo, cidade de origem, telefone, documento de identidade e endereço eletrônico e profissão/ocupação. E-mail da Folha de Londrina/Folha do Paraná: [email protected]
