O leitor escreve





Exemplos
Fui ao treino da Seleção em Londrina. Gramado impecável e organização nota dez. Comandantes e comandados em ação. Todos tratados com igualdade, uma aula de treinamento. Exercícios físicos em sincronia e repetitivos, ‘‘sem moleza’’, diz o treinador a Ronaldinho. Nem Denilson (que já foi embora) escapa da bronca. Otimista quanto aos resultados que virão, fui cumprimentar o Luxemburgo. Disse-lhe apenas ‘‘parabéns’’. Mas houve exemplos tristes. No Centro de Treinamento da Escolinha de Futebol, pequeno grupo de garotos. O telefone celular toca e os garotos, num amontoado. Contei menos de 30 minutos e cinco ligações. Enquanto o treinador conversava, lá iam eles correndo, trombando. Penso nos pais, que pagam para, quem sabe, ver o filho transformado num Ronaldinho ou num Denilson. Que pena, certamente não haverá retorno do dinheiro aplicado na tal escolinha.
Na maioria das escolinhas de futebol a situação não é diferente. A primeira coisa que os treinadores têm que saber é qual a motivação de cada um. Alguns garotos sabem se posicionar e tocar a bola, mas a maioria corre o tempo todo, se cansa e não participa do jogo. Ao final, ficam frustrados e desanimados. Em alguns casos são a imagem do ridículo. O Brasil é o celeiro do futebol, mas em alguns casos precisam ser lapidados. As escolas de futebol deveriam avaliar melhor os profissionais para comandar aqueles meninos. Primeiro é preciso gostar do que faz, ter paciência, não ser somente pelo dinheiro, mas acreditar no fruto que poderá um dia ser colhido.
- ELSSO JACINTO BARBOSA, Londrina
Mercadores de ilusões
A aventura de sediar o 1º Campeonato Mundial de Clubes embala o sonho brasileiro de organizar a Copa do Mundo de 2006. O torneio de oito equipes no Rio e em São Paulo, disputado até o próximo dia 14, vai ser política e descaradamente usado pelos defensores da candidatura do Brasil à segunda Copa do Século XXI como prova da capacidade nacional em promover uma disputa mundial desse nível.
Nada mais distante da realidade de nosso País. Uma competição com oito clubes serve como prévia de uma Copa do Mundo nos moldes atuais, com 32 seleções nacionais, até certo ponto. É apenas uma pálida mostra de como se sairia o País ao receber milhares de turistas e transmitir dezenas de partidas, com tudo o que o sistema de transporte, hotelaria e de telecomunicações pode fazer.
Só um nacionalista exacerbado à Policarpo Quaresma, personagem de Lima Barreto, ou uma otimista incorrigível como a Velhinha de Taubaté, cria de Luís Fernando Veríssimo, podem acreditar na capacidade brasileira frente às poderosas Alemanha e Inglaterra, principais concorrentes do Brasil na briga pela Copa de 2006.
Qualquer mortal que tenha andado de ônibus no Brasil – não é o caso de nenhum membro do comitê organizador da candidatura brasileira, claro – sabe que o nosso sistema de transporte não aguenta nem o tranco diário. Que dirá o de milhares de turistas no vaivém das roletas. Isso, afora a (in)segurança das grandes metrópoles brasileiras e a telefonia claudicante, que não consegue nem fornecer as linhas exigidas pelo mercado interno.
Nem no terreno dos estádios, que proliferaram às dezenas no Brasil durante os anos 70, o País está bem servido. No último Campeonato Basileiro, quem, por exemplo, frequentou o Estádio Mané Garrincha, uma das eventuais sedes na Copa de 2006, viu superlotações até nas cadeiras especiais, confusões na venda de ingressos (para felicidade de cambistas) e na entrada dos jogos. Para não falar no gramado deplorável.
Além disso, o Brasil, que pleiteia ser sede de uma Copa do Mundo, sofre o vexame de não conseguir sequer organizar um mero campeonato de futebol sem trapalhadas. Até o horário da final do Brasileiro-99, escolhido por conveniência da grade de TV, foi vítima de disputas jurídicas.
A própria CBF, que encabeça a candidatura tupiniquim à Copa de 2006, é mais pródiga na hora de acertar contratos milionários de cláusulas secretas com multinacionais que em organizar competições. Uma copa significa milhões de dólares de investimento e um sonho incalculável nas mentes dos 150 milhões de brasileiros. Um desejo que depende de votos de delegados da Fifa. Uma escolha política no que isso tem de pior.
- ROBERTO NAVES, jornalista em Brasília
Propaganda política
A expressão ‘‘propaganda enganosa’’, de tão largo uso nestes dias, é redundante, pelo simples fato, facilmente constatável, de que toda autêntica propaganda é enganosa. Caso, porém, possam-me apontar algumas que sejam exceção, confirmando a regra, não serão concernentes – estou seguro – à propaganda eleitoral. Estas, enganosamente se apresentam como gratuita, mas nos saem caro, porque os meios de comunicação as cobram pontualmente do governo federal, em periódicos encontros de contas.
Políticos e governos que necessitam despender fortuna, em geral de procedência comprometedora, nesse tipo de promoção, visam a embair o respeitável eleitorado, porquanto uns e outros desfrutariam de suficiente popularidade e se credenciariam a votações consagradoras se já houvessem concretizado alguma coissa, na vida pública ou na particular, que beneficiasse inesquecivelmente a cidade, o Estado ou o País.
Não devemos comprar produtos que apenas por si sejam retumbante propaganda. Não devemos eleger candidatos que nunca hajam feito nada e que apenas prometem fazer. Não devemos confiar em governos, cujas realizações não hajam repercutido, espontânea e graciosamente, na mídia. Propagandear é, no mínimo, dourar a pílula.
- ALCINDO NOLETO RODRIGUES, juiz federal aposentado, Brasília
CORREÇÃO O valor da soma do aluguel e da porcentagem do lucro pago mensalmente pelo Hotel Tropical das Cataratas ao Serviço de Patrimônio da União (SPU) é de aproximadamente R$ 70 mil e não R$ 70,00, como foi publicado no caderno Cidades no último sábado.
- As cartas devem ser datilografadas e assinadas e vir acompanhadas da fotocópia de documento de identidade, endereço e telefone para contato e profissão/ocupação do remetente. O jornal poderá resumi-las conforme disponibilidade de espaço. Correspondência via Internet deve conter: nome completo, cidade de origem, telefone, documento de identidade e endereço eletrônico e profissão/ocupação. E-mail Folha do Paraná/Folha de Londrina: [email protected]