O leitor escreve
PUBLICAÇÃO
domingo, 30 de janeiro de 2000
O leitor escreve
Pré-Olímpico (1)
Quarta-feira passada fui com toda a família até o Estádio do Café. Para meus dois filhos era a primeira vez que isto acontecia. Eles estavam adorando toda aquela movimentação de bandeiras, de camisas coloridas dos muitos times de futebol. Quando entraram no estádio, diante do contraste de cores, a grama em seu verde vivo, iluminada, eles sabiam que iriam assistir a um show. A torcida se revezava entre aplausos e gritos de olé (jogo Colômbia x Chile), visivelmente torcendo pela Seleção colombiana, com tanto ênfase, que meu filho perguntou se aquele time era o Brasil. O que aconteceu a seguir chega perto do bizarro, e eu só posso entender, que todas as vaias, os gritos inflamados contra a Seleção, os inúmeros palavrões sejam fruto da total decepção, não pela Seleção Brasileira, mas pelo que ela representa, que é o próprio Brasil.
A Seleção Brasileira historicamente não consegue levantar a própria torcida, e antes de conquistar o tricampeonato em 1970, ela saiu desacreditada do País, mesmo tendo craques como Pelé, Rivelino, Jairzinho. Ela consegue encher estádios da Europa, mas não consegue encher o Estádio do Café. Deve ser uma agonia para os jogadores brasileiros estarem no próprio país, mas se sentirem como se estivessem jogando na Argentina, nosso maior rival.
Da minha parte, dificilmente voltarei ao estádio. A vida que levamos neste País já é muito difícil para ter que lembrar todas as nossas frustrações em um lugar que deveria ser um lazer. E ao resto da torcida, aquela mesma que cantou o Hino Nacional com a mão no peito, peço que se lembre que aqueles garotos não estão jogando mal para desagradar a ela, mas sim por estarem desentrosados, sentindo o peso da camisa verde-amarela, da responsabilidade de buscar um titulo inédito para o Brasil em Sydney. Um pouco de apoio não custaria nada. E ajudaria muito a atuação deles em campo.
- LUIZ CARLOS PIELAK, Londrina
Pré-Olímpico (2)
Sei que vou contrariar muitas pessoas. Mas entendo que os jogos da Seleção Brasileira não devem ser transmitidos para a cidade onde está sendo realizado a eliminatória. Afinal de contas, o que custa ir ao estádio prestigiar o que é nosso? Aqueles que estão defendendo a transmissão será que já pensaram num estádio de futebol totalmente vazio, sem o calor da torcida? Será que os artistas da bola terão entusiasmo para jogar? Interessante que muitos preferiram comprar parabólicas a ir ao estádio prestigiar a nossa Seleção. Que hipocrisia! Conclamo a todos os torcedores da Seleção Brasileira que compareçam hoje ao Estádio do Café para apoiar nossos atletas. Vamos esquecer as vaias e com este espírito tenho certeza que o selecionado nacional irá brilhar e passar para a outra fase com todos os méritos.
- MANOEL TEODORO DA SILVA, Londrina
Pré-Olímpico (3)
O Brasil é conhecido lá fora como o país do samba e do futebol. Na realidade, o futebol é o esporte mais praticado no País, tanto que se tornou o ópio do povo. Quando o País está mal, inventa-se um torneio ou um campeonato qualquer, e o povo esquece todos os problemas sociais que o afligem. Hoje vivemos a disputa de uma vaga nas Olimpíadas, e Londrina é sede da chave onde a Seleção Brasileira luta por essa vaga. Temos visto a pior Seleção pré-olímpica da história do país do futebol. Essa Seleção mais parece uma exposição dos jogadores brasileiros que só possuem nome. São os canelas de vidro fabricados pela mídia do esporte.
A apresentação é vexatória. Joga-se apenas com o nome e a fama. Se marca um gol, é mais um rei. A estrela do técnico deixou de brilhar, tornando-o mais um sem expressão que faz parte de um esquema, como tantos outros. Da mesma forma que os analistas da economia brasileira são os comentaristas de futebol: ninguém tem coragem de dizer a verdade sobre o que está acontecendo. São os donos do fim da noite e só enganam o povo do outro lado da tela. Mas o londrinense não é cego e está vendo com seus próprios olhos essa enganação. A enganação desta Seleção não supera os problemas do local. Um problema que é bem maior que o timinho desfilado no estádio, onde o custo não compensou o efeito. Parabéns ao povo londrinense que enxerga o timinho que aí tem.
- JOSÉ CARLOS SIMIONI, Ribeirão Claro
Pré-Olímpico (4)
Acompanhei, com indignação, o desrespeito que o prefeito Antonio Belinati tem com seus munícipes, com referência à transmissão pela TV paga dos jogos da Seleção Brasileira no Campeonato Pré-Olímpico. Mais uma vez, o chefe do Executivo local considerou, em primeiro plano, as vantagens pecuniárias que tal medida poderia lhe trazer, esquecendo, como sempre faz, dos contribuintes que fazem o progresso desta cidade.
Quanto à carta (publicada na quinta-feira) em que o diretor-geral da Net diz que nada pode fazer, eu pergunto: não existe um contrato entre a Net e a Sportv? A Net Londrina e consequentemente seus assinantes (mantenedores) são obrigados a assistir o que eles mandarem? Não seria hora dos assinantes da Net Londrina exigirem uma explicação mais convincente e detalhada, ou, quem sabe, rever o porquê estão pagando por aquele serviço?
- BRAZ RODRIGUES NETO, aposentado, Londrina
Pé-vermelho
Em nome de todos os habitantes da nossa grande Londrina (que se sentiram lisonjeados), parabenizo o narrador (da TV Bandeirantes) Luciano do Vale, ao referir-se à cultura da gente londrinense como herança da colonização inglesa. Realmente o ilustre comunicador deu mostras de que, além de excelente profissional, é dotado de especial capacidade de percepção analítica e desempenha diplomaticamente o papel de embaixador da boa vizinhança
Porém, necessário se torna esclarcer que os nativos desta terra, os bravos pés-vermelhos, muito pouco ou quase nada herdaram dos ingleses. A então companhia inglesa foi a responsável pela implantação das cidades, loteando as terras e abrindo as estradas no Norte, Noroeste e Oeste do Paraná. A seriedade do projeto despertou a sagacidade de europeus, orientais, árabes e brasileiros de origem estrangeira que aqui aportaram, provocando revoada de imigrantes e migrantes que nos fizeram herdar suas culturas. Não nos ufanamos de ser um povo diferenciado. Contudo, ufanamo-nos de ser filhos daqui. E é por esta cultura, Luciano do Vale, se me permite, tomo a liberdade de declarar: bem-vindo à nossa grande Londrina e faça da nossa cidade a sua segunda família.
- ROBERTO AFONSO PINTO, Londrina
- As cartas devem ser datilografadas e assinadas e vir acompanhadas da fotocópia de documento de identidade, endereço e telefone para contato e profissão/ocupação do remetente. O jornal poderá resumi-las conforme disponibilidade de espaço. Correspondência via Internet deve conter: nome completo, cidade de origem, telefone, documento de identidade e endereço eletrônico e profissão/ocupação. E-mail Folha do Paraná/Folha de Londrina: [email protected]