Em uma sentença que já virou histórica, o juiz trabalhista Reginaldo Melhado embasou a sua decisão de determinar uma intervenção judicial no Londrina Esporte Clube no ano de 2009 com um argumento irrefutável: o clube, que àquela época padecia de uma gestão incompetente e fraudulenta, é um patrimônio da cidade de Londrina e como tal deveria ser resguardado.

A FOLHA entende que o nosso Tubarão, assim como outras instituições locais que projetam o nome da cidade para o mundo, é de fato um patrimônio que orgulha os londrinenses – mesmo nos piores momentos. É por essa razão, além do óbvio compromisso que o jornal tem com a informação relevante, precisa e independente, que o Londrina faz parte diariamente do noticiário em nossas páginas esportivas. É assim desde 6 de abril de 1956 – quando a FOLHA noticiou a fundação do então Londrina Futebol Clube, ocorrida um dia antes.

Dessa forma, causa espanto a inegável restrição que a direção do Londrina Esporte Clube ingeriu à cobertura jornalística da maioria dos veículos de comunicação da cidade, a FOLHA incluída. O cerceamento, negado em nota oficial pela direção do clube, mas que na prática persiste, vem sendo adotado desde a última semana.

E por quê? A nota oficial divulgada pelo Londrina é clara: o clube disse ter causado “espanto” o fato de apenas três veículos terem divulgado um áudio em que um jogador do Figueirense admite que os salários do clube catarinense foram pagos com atraso durante a Série B. Ocorre que o próprio jogador relatou não ter tido conhecimento de que estava sendo gravado e até o momento o próprio Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) ainda não reconheceu essa gravação como prova jurídica na ação que o Londrina move contra o Figueirense para que este seja rebaixado à Série C em lugar daquele. São essas as razões para que a FOLHA tenha optado por não reportar o conteúdo do áudio, contrariando o que queria a direção do Londrina.

É fato que a parceria atual do LEC já tem histórico de cercear a cobertura da imprensa quando ela não se deixa pautar pelo interesse da empresa esportiva - até porque se fosse diferente a missão a que a FOLHA se propõe seria inócua e despropositada.

Apesar das novas restrições, a FOLHA mantém o compromisso de continuar fazendo a cobertura do Londrina Esporte Clube em respeito aos leitores e torcedores do clube. Entendemos que a instituição Londrina Esporte Clube está muito acima dos interesses de quem momentaneamente o administra.

As parcerias no futebol atual são necessárias em muitos casos, e talvez seja este o caso em relação ao Tubarão, mas há de se ter limites para que o clube da cidade não fique à mercê de desmandos que afrontam por exemplo a liberdade de expressão e gerem um distanciamento daqueles que o apoiam incondicionalmente.

Obrigado por ler a FOLHA!