Quando a gente vê o número de mortos pelo coronavírus aumentando, a primeira coisa que vem à cabeça é: quando isso vai acabar? Quanta gente vai morrer, quantos vão sofrer a perda de alguém próximo? A gente teme pelos filhos, pais e amigos. E aí vem outra pergunta, também difícil: o que mais podemos fazer para reduzir o estrago que essa doença está causando?

Creio que ainda estamos procurando a melhor resposta, mas com certeza ela passa pela compreensão. A saída está em entender melhor o outro, aceitar as diferenças e buscar uma solução juntos. Todo mundo está passando por um momento de fragilidade. A agressividade e o discurso de ódio só pioram as coisas.

O melhor remédio para combater o vírus, até agora, é o isolamento. Por isso, o comércio, os serviços e a indústria foram fechados. Para a Acil, é difícil ver as empresas paradas. Mas o objetivo maior é salvar vidas.

O ideal seria ficarmos trancados em casa, recebendo produtos essenciais e apoio financeiro, sem sofrer prejuízos. Só que a realidade é bem mais triste. O coronavírus, além de matar, provoca a quebra da economia e a escassez de produtos.

Imagine o pequeno empresário, sem dinheiro, lutando para não demitir aquele funcionário eficiente que está ali há anos, dependendo do salário para sustentar a família. Não são números, são pessoas! Uma única demissão afeta muita gente. É difícil.

A economia e a saúde andam de mãos dadas, uma se apoia na outra. A saúde não fica bem com uma economia ruim. Precisa de recursos, insumos, investimentos. A gente não pode pensar que é possível escolher entre um e outro. Não faz sentido sacrificar a saúde para melhorar a economia. Ambos precisam de ajuda.

Um mês sem funcionamento é uma sentença de morte para muitos empreendimentos, principalmente para o autônomo, o micro, pequeno e médio empresário, que são a grande maioria no Brasil.

Estamos colaborando em diferentes frentes. Para as pessoas em situação de vulnerabilidade, temos uma campanha de doações. Nos colocamos à disposição da UEL para arrecadar materiais básicos para implantar os exames de detecção do coronavírus. Conseguimos uma linha de crédito com juros a 0,59% ao mês para ajudar os empresários a manter seus funcionários. Também viabilizamos a estrutura que transformou a UPA do Sabará em um centro de triagem.

Quando pensamos na economia, também pensamos em salvar vidas. É preciso este equilíbrio, senão a cidade para, a produção industrial para, os serviços param e os produtos começam a faltar.

Todos nós perdemos com essa doença. Perdemos vidas, perdemos a liberdade, perdemos a rotina, perdemos a companhia de pessoas queridas, perdemos tempo, dinheiro, trabalho e desenvolvimento. Perdemos a paciência.

Mas também podemos ganhar a capacidade de compreender quem pensa diferente, sem tornar isso uma guerra, pois as soluções precisam vir de todos os lados, de todas as cabeças, de todos os corações. Precisamos ser melhores e respeitar o próximo.

Por isso estamos trabalhando incessantemente nas últimas semanas, participando de reuniões, entrevistas, ouvindo os especialistas e encaminhando nossas sugestões à Prefeitura. Também estamos buscando ajudar unidades de saúde e quem está em situação de vulnerabilidade, fechando parcerias com o poder público e entidades da sociedade civil organizada.

O momento é de unir forças com os mais diferentes segmentos, tentando encontrar saídas locais para uma crise mundial. Eu tenho esperança e fé de que a gente vai vencer. Com respeito mútuo, compreensão e muito trabalho.

A Acil quer o melhor para Londrina. Por isso, vamos manter o foco em nosso único inimigo: o novo coronavírus.

Fernando Moraes, presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina