O novo coronavírus chegou e, com ele, muitas mudanças vieram - principalmente, em nossos hábitos de higiene. Eu diria que há uma linha que divide nossos hábitos antes e após o aparecimento da Covid-19. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto QualiBest, 7 em cada 10 brasileiros mudaram seus hábitos de higiene desde a chegada da Covid-19 no Brasil. A necessidade em lavar nossas mãos com mais frequência e a utilização de álcool em gel estão entre os mais novos hábitos dos brasileiros que, com certeza, nunca mais sairão de nosso cotidiano.

Em países mais desenvolvidos, como o caso do Japão, tais medidas nunca precisaram ser lembradas e, muito menos avisadas em cartazes, por exemplo. Lá, a utilização de máscaras já ocorre há muitos anos, pois a preocupação com a possível transmissão de qualquer doença pelo trato respiratório sempre foi tratada com naturalidade e espontaneidade pelos japoneses - lembrando que a utilização de máscaras não só protege quem as usa, como protege o próximo.

Com o tempo, o uso de máscaras se tornará natural e espontâneo aqui no Brasil também, principalmente, em épocas que quadros gripais aumentam, e não será só usada por quem está gripado, mas também em ambientes fechados, onde a aglomeração ocorra. Todos agora têm máscaras em casa, um produto inimaginável quando se pensava em saúde.

Outro excelente hábito dos orientais que poderíamos adotar é deixar os calçados na entrada de casa e utilizar apenas um novo calçado higienizado, pois trazemos muitas sujidades da rua para dentro de casa. Então, ao chegar em casa, troque os calçados por um limpo ou fique de meias e, até mesmo, descalço.

Sem contar em higienizar compras, ter um esborrifador com álcool 70º e um tapete, que deve ser trocado com frequência na entrada de casa, além de outras medidas a serem adotadas como prevenção à Covid-19 e outros vírus.

A maioria dos profissionais de saúde já adotaram medidas mais drásticas, porém, corretas. As roupas utilizadas nos ambientes de trabalho não devem ser misturadas às roupas de casa e da família, como forma de prevenção.

A população está mais alerta, pois o medo de contrair outras doenças por hábitos nunca realizados aumentou consideravelmente e, de agora em diante, os índices de diversas infecções por outros vírus, que também são espalhadas pelo contato, certamente, diminuirão com essas mudanças simples de atitude.

No Brasil temos uma proximidade uns aos outros, o que também não é visto em outros países. Não à toa, o estudo ‘The Relational Mobility’, publicado na revista da National Academy of Sciences, dos Estados Unidos, reforça essa característica nacional de forma científica: o Brasil é considerado o terceiro país mais aberto do planeta, atrás somente de Porto Rico (2ª) e México (1ª).

Acredito que isso faça com que soframos um pouco mais nessa quarentena, a ausência de um abraço, de um aperto de mão e dos três beijinhos, muito comuns em várias regiões do Brasil, estão deixados de lado, já que o isolamento social é a principal medida de prevenção contra o coronavírus.

Uma pequena partícula, invisível a olho nu, fez com que ocorressem muitas mudanças jamais pensadas, porém muito importantes para nossa saúde. Após esta pandemia, teremos hábitos que jamais abandonaremos e mudanças que serão utilizadas em determinadas épocas do ano. Consequentemente, daremos mais importância para nossa saúde, mantendo hábitos mais saudáveis que protejam não apenas a nós, mas também ao próximo.

Aline Tancler Stipp, doutora em microbiologia e coordenadora dos cursos de biomedicina e farmácia da Unopar Piza/Londrina.