Mais uma greve na Universidade Estadual de Londrina. Nós já perdemos as contas de quantas vezes professores e funcionários da UEL fizeram greve. Não estou aqui para defender ou criticar este ou aquele governo, partido ou posicionamento político. Mas o fato real e concreto é que chegamos a uma situação insustentável. O País está com mais de 13 milhões de desempregados, outros quase 20 milhões vivendo com subemprego. O PIB brasileiro dos últimos cinco anos é quase zero. As empresas, as que sobreviveram – foram milhares que fecharam as portas -, enxugaram seus quadros, reduziram salários e estão fazendo de tudo para continuar trabalhando.

Enfim, o momento é de todos fazerem um esforço, um sacrifício para que o País volte ao eixo e retome o crescimento. Por isso, vejo como muito prejudicial uma greve na UEL. Eu entendo que professores e servidores precisam ter bons salários. Entendo que protestos são justos e, em determinados momentos, necessários. Entretanto, professores da UEL e demais universidades estaduais recebem acima do mercado, além de vários outros benefícios, estabilidade no emprego e, inclusive, uma aposentadoria privilegiada. E, em momentos de crise econômica, todos precisam contribuir.

Na iniciativa privada, funcionários e empresários estão fazendo de tudo para inovar, buscar alternativas de produtividade para que as empresas não fechem e os empregos sejam mantidos. Todos com o mesmo pensamento: sobrevivência. E se o trabalhador não está confortável ele tem a liberdade de sair e buscar novos desafios. No setor público, é a mesma coisa: todos sabemos que o governo não fabrica dinheiro. O que faz o PIB aumentar é uma economia aquecida, algo que não temos há alguns anos. Agora pergunto, com um PIB zerado, como seria possível arcar novos reajustes para o funcionalismo público?

No caso das universidades públicas não vemos isso. Onde está o senso de cidadania, de união para resolvermos os problemas? Como ficam os alunos, mais uma vez tendo que mudar seus planos, seus projetos, seu ingresso na vida profissional. Aulas adiadas, interrupção do ensino. Por mais que se diga que as aulas serão repostas, todos sabem que não é a mesma coisa. Isso apenas contribui mais e mais para a evasão de alunos, para o desestímulo.

Da forma como se age, o prejuízo para a sociedade é incalculável. Toda a profissão tem sua missão, suas alegrias e seus problemas. A missão dos professores, e é uma das mais nobres que existem, é ensinar. É óbvio que o salário é importante para todos, mas o que motiva qualquer profissional é a realização, é fazer, e isso é em todas as áreas. Imagine o médico deixando uma cirurgia pela metade, adiando um tratamento... o paciente morrendo porque o profissional decidiu fazer greve.

No ranking mundial da qualidade de ensino, avaliando 40 países de todos os continentes, o Brasil é quase lanterna. Ganha apenas da Indonésia. Perde para a Colômbia. Temos muito a melhorar em todos os sentidos. E não é com greve que avançaremos. É com diálogo, com negociação.

Se os professores e servidores acreditam que a única forma de negociar é protestando, que protestem. Mas que o façam no sábado, no domingo. Que venham para as ruas com faixas e cartazes, que peçam o apoio dos alunos, dos familiares, da sociedade. Mas que não interrompam o ensino. Quando o ensino é interrompido, o prejuízo para toda a sociedade é brutal.

Todas as categorias profissionais estão passando por dificuldades. Mas não se veem greves, pois os trabalhadores sabem que o momento do País é ainda terrível. Em qualquer empresa, a greve traz prejuízos. Mas na educação ela é muito mais danosa. Em alguns casos, irreparável.

O Brasil está em um novo momento. E as instituições de educação, pela importância que tem, são essenciais e imprescindíveis neste processo. Vamos todos trabalhar novas atitudes para uma nação de novos resultados.

É como sempre digo: Juntos, somos mais fortes!

VALTER ORSI, empresário