Há 40 anos, no início da minha prática jornalística, pelas mãos do saudoso professor de Comunicação da UEL e jornalista Marinósio Trigueiros Neto, ouvi que um novo prefeito de Cambé havia adotado a discussão do orçamento municipal em reuniões com a comunidade, promovia a descentralização da Saúde, a eleição direta de diretores de escola, a formação de um conselho para recuperar as indústrias que enfrentavam grave crise financeira, além de medidas posteriores como a criação das hortas comunitárias e uma escola de período integral. Pouco tempo depois, como repórter da Folha de Londrina, conheci Luiz Carlos Hauly já como presidente da Amepar, liderando importantes lutas municipalistas.

Imagem ilustrativa da imagem O Brasil sabe o que deve a esse filho de Cambé
| Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados

Assim que foi eleito governador, Álvaro Dias convidou Hauly para assumir a Secretaria da Fazenda do Paraná. Naquele período, o governo virou destaque nacional pelo controle dos gastos públicos e pelo investimento recorde anual de 22%, transformando o Paraná num canteiro de obras, oferecendo também gratuidade do ensino nas universidades estaduais. Em 2011, ele assumiu a mesma pasta no Governo Beto Richa e liderou, entre outras ações, a criação do Programa Paraná Competitivo, batendo recorde na geração de empregos e atraindo grandes investimentos.

Só a Klabin investe R$ 12,9 bilhões em expansão, graças ao Paraná Competitivo, além da Maltaria Campos Gerais (3 bilhões), a Dunlop/Sumitomo (1 bilhão), a Ambev (385 milhões), entre outras grandes empresas. Mas foi no Congresso Nacional, durante os sete mandatos, que Hauly se consagrou como um dos melhores parlamentares do Brasil. Em 1999, eu havia acabado de retornar pela Folha de Londrina de uma jornada de quase quatro anos nos Estados Unidos quando fui enviado a Brasília. Ali vi a grande diferença entre o baixo clero (a grande maioria dos deputados) e os poucos que fazem diferença – esses têm uma agenda própria que vai muito além das reuniões nas comissões.

No caso de Hauly, ele era solicitado para reuniões em embaixadas, com as mais representativas entidades (foi conselheiro da poderosa Fiesp) e ainda dava palestras por todo o País e até no exterior. Além de liderar pautas nacionais nas mais importantes comissões da Casa, como reconhecido debatedor e formulador, Hauly liderou o Grupo Parlamentar Brasil - Estados Unidos e chegou a ser o presidente do Parlamento das Américas, com sede no Canadá. Passou a ser recordista entre os “Cabeças do Congresso” conforme avaliação técnica do Diap (assessoria intersindical), e em 2017 foi eleito pelo “Ranking dos Políticos” (empresa de iniciativa civil que avalia o desempenho de cada parlamentar) “O Melhor Deputado”.

Considerado o pai do MEI (que beneficia 14 milhões de trabalhadores que atuavam como autônomos) e também do Simples (que representa 54% dos empregos formais, 44% dos salários pagos de 86 milhões de trabalhadores), em diversas oportunidades Hauly foi homenageado pelo Sebrae Nacional e outras organizações do setor produtivo.

Mesmo sem mandato desde 2019, Hauly continua liderando a cruzada nacional pela aprovação da Reforma Tributária, pois seu projeto original tramita no Senado por meio da PEC 110, e ele tem sido regularmente convidado pelo Congresso e outras entidades nacionais para debater essa que é considerada “a mãe de todas as reformas”.

Mas por trás do homem público reverenciado nacionalmente, como assessor de imprensa dele nos últimos anos, conheci o Hauly esposo devotado da Maria Célia (que valoriza muito a família), o pai dedicado do Lucas e do Luiz, e das noras Viviane e Mariana, do avô apaixonado pelo Lucas, Laura, Luíza e Lara, o filho agradecido dos pioneiros Salomão e Jamile, do irmão orgulhoso de Nágila (a primeira cidadã registrada oficialmente em Londrina), do menino amante do esporte que até hoje joga basquete e que se formou em Educação Física (e Economia) pela UEL, do economista que avança a noite e finais de semana em seus estudos, do pé vermelho que ama o Norte do Paraná como um exemplo de civilização, do cristão dedicado a oração com seu coração perdoador, que confia nos propósitos maiores de Deus, e que sabe muito bem que o mais importante é “combater o bom combate, terminar a carreira e guardar a fé”.

Edinelson Alvés é jornalista