Neste domingo (30) o Brasil vive a eleição presidencial mais disputada das últimas décadas. Eleição sempre foi território de embates, mas o tom que as campanhas atingiram desta vez mostra não só um embate político, mas uma disputa acirrada que revela dois brasis: um que defende o bolsonarismo, outro que defende o lulismo, sendo que o personalismo dos candidatos toma a frente até dos programas, colocando no ringue uma disputa entre duas figuras fortes da política, mas isso não basta.

Enquanto há quem veja na efervescência das campanhas a demonstração de um País altamente mobilizado e, portanto, politizado, os excessos podem ofuscar o que Brasil realmente precisa e no lugar da lucidez entra o "sangue nos olhos." Mas isso não basta!

A disputa entre blocos partidários e militâncias, entre esquerda e direita, ganhou um contorno não só arriscado mas perigoso, que fez vítimas fatais durante o processo eleitoral, com pessoas sendo assassinadas pela truculência no modo de cada um defender seus ideais. Vão longe os tempos em que os embates resultavam em eleições concorridas, mas não com os campos ideológicos minados de hoje.

Na hora decisiva de depositar os votos, não custa lembrar que as necessidades do País devem se sobrepor às birras e levar para as urnas não só a espada, mas o coração, com uma boa dose de compreensão sobre quais são as demandas da nação brasileira.

Incrível! O Brasil continua precisando daquilo que sempre fez falta na sua história ao longo dos séculos e desde a República continuamos amargando as falhas de um País de desigualdades profundas cuja correção só se dará com políticas públicas que ofereçam condições de sobrevivência digna a cerca de 215 milhões de brasileiros.

Seja quem for o vencedor desta eleição, não é preciso que um gênio sopre em seus ouvidos que precisamos melhorar as políticas de educação, saúde e renda se quisermos amanhã nos orgulhar de termos construído uma democracia, tijolo a tijolo, voto a voto.

Estamos falando não de um problema de ontem, mas de um problema de décadas que se agrava quanto pensamos na desigualdade econômica que atualmente leva ao patamar da fome milhões de brasileiros no País que se orgulha, com toda razão, de ser um celeiro capaz de alimentar o mundo, mas não provê a sua própria casa.

Ao depositar nossos votos nas urnas, não vamos perder de vista o País que temos e o País que queremos, optando pelo candidato que pareça mais preparado para elevar o Brasil a uma condição que faça justiça ao seu potencial, com terras agricultáveis, recursos hídricos abundantes e cérebros capazes de transformar a realidade pelo conhecimento.

Temos todas as ferramentas e elas devem ser valorizadas no momento em que não apertamos a tecla só para eleger um candidato, mas para construir um País. O que está em jogo não são apenas nossas preferências por essa ou aquela personalidade política, eles vêm e vão. O que está em jogo é a construção do Brasil, um projeto que nasce de nossas consciências refletidas no voto, uma consciência que não nasce só da espada, mas do coração.

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