As eleições brasileiras estão entre as mais caras do mundo. O pleito de 2014, que elegeu Dilma Rousseff para o seu segundo mandato, entrou para a história como a mais cara, com gastos dos candidatos ultrapassando R$ 71 bilhões, segundo levantamento feito à época pelo Congresso em Foco. Aos cofres públicos, o pleito daquele ano custou R$ 650,8 milhões, conforme o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Por isso, quando se fala em mudanças nas eleições logo vem uma preocupação: vai encarecer o processo? Para este ano de 2020 estão programadas a escolha de prefeitos e vereadores e o primeiro turno está marcado para 4 de outubro.

Mas este ano um fator veio impactar o processo: a pandemia do novo coronavírus. A princípio, o TSE trabalhava com a hipótese de não adiamento. Mas no começo deste mês, o futuro presidente do Tribunal, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso deu o sinal de alerta. Ele disse que a Justiça Eleitoral precisa começar, até o mês que vem, os testes das urnas eletrônicas. Caso contrário será preciso adiar as eleições municipais. Cabe ao Congresso decidir o adiamento ou não do pleito.

Os testes das urnas estão com a logística comprometida por conta da pandemia da Covid-19. Mas se a doença continuar a avançar restringindo a circulação de pessoas, outros prazos também podem ser comprometidos. É o caso das convenções, que deverão ser realizadas pelos partidos políticos entre o fim de julho e 5 de agosto.

Nesta terça-feira (19), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, anunciou a criação de uma comissão mista formada por senadores e deputados para debater o adiamento das eleições municipais sem a prorrogação dos mandatos dos atuais prefeitos e vereadores. Segundo Maia, a maioria dos parlamentares entende que a data pode ser adiada, mas não a prorrogação dos mandatos.

Como realizar uma campanha política sem promover aglomerações? E o treinamento de mesários? A votação é um processo que acaba gerando grande circulação de pessoas. Estamos diante de uma situação bastante complicada e não é uma decisão fácil de ser tomada. É preciso analisar com cuidado, levar em conta vários fatores, como os custos do adiamento para os cofres públicos e a saúde dos candidatos, dos eleitores e das pessoas que trabalharão em todo o processo. Há muito o que considerar e o tempo está correndo.

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