Um pinguim foi encontrado morto no litoral de SP depois do último feriado de praias lotadas e uma autópsia revelou uma coisa insólita: ele engoliu uma máscara de proteção facial, usada como prevenção ao novo coronavírus. A máscara possivelmente foi deixada por um frequentador de Juquehy, em São Sebastião, no litoral norte paulista. Se as máscaras estão ajudando as pessoas a se protegerem do vírus, por outro lado esses artefatos, assim como uma enorme quantidade de luvas de látex, talheres e pratos de plástico, têm aparecido nas praias e mares porque com a pandemia a utilização de objetos descartáveis aumentou e também a contaminação do meio ambiente. Luvas e máscaras têm sido encontradas em praias remotas da Ásia com frequência.

Essa enorme descarga de materiais de prevenção ao vírus soma-se a um contingente enorme de plásticos que já poluem os oceanos de forma indiscriminada: hoje, calcula-se que o volume de material plástico encontrado nos mares corresponda ao peso de 3 milhões de baleias azuis.

Isso é assustador, mas não é tudo: uma pesquisa divulgada recentemente pelo Pew Charitable Trusts, considerado um instituto independente, estima que a quantidade de resíduos plásticos nos oceanos vai triplicar em 20 anos. Se não for tomada nenhuma providência - o que parece difícil dadas as denúncias que quase nunca obtém uma resposta eficiente para fiscalização ambiental que depende também de governos - haverá 600 milhões de toneladas de plásticos nos oceanos em 2040, coisa que não se supunha nem na mais perversa ficção de dias sombrios para o planeta.

Nos últimos tempos, estamos mergulhados em situações até há poucos anos consideradas impossíveis como o isolamento social que impôs novas regras sociais e novas relações de trabalho. Ninguém se imaginava confinado até o ano passado, quando ainda não havia a ameaça do novo coronavírus que possivelmente surgiu como epidemia a partir de um desequilíbrio ambiental – segundo especialistas de todo mundo – alterando globalmente a economia, a política, a sociedade, a cultura, impactando a saúde de milhões de pessoas em todo mundo.

Em meio a vários acontecimentos, o mundo foi assombrado esta semana por uma ocorrência absurda: milhares de pássaros caíram mortos do céu nos últimos dias no Novo México, EUA, intrigando cientistas. O palpite dos pesquisadores da Universidade do Novo México é que as aves foram mortas em consequência dos incêndios florestais na costa sudoeste dos EUA. Suspeita-se que os pássaros tenham migrado antes da hora e ficado fracos durante a viagem antecipada. No Brasil, incêndios no Pantanal matogrossense também estão matando centenas de animais, além de queimar milhares de hectares de vegetação.

Em meio a tantas notícias ruins, incluindo à ameaça em massa à espécie humana pelo novo coronavírus, a realidade tem superado a ficção.

Só a consciência ambiental em nível global pode salvar o próprio planeta dos riscos que estão em toda parte, exigindo uma nova postura de toda sociedade para superar os problemas. Hoje, o sonho dos povos de todo mundo é a volta à normalidade em contrapartida a este “novo normal” que mostra um mundo num nível de risco nunca visto a não ser em situação de guerras. Neste momento, a preservação ambiental é crucial para o equilíbrio da própria vida humana e a consciência coletiva deve suplantar e harmonizar os interesses sob a pena de perdemos para sempre aquele mundo em que oceanos de plástico e pessoas confinadas só existiam na imaginação.

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