O Brasil bateu de novo um triste recorde de registro de mortes pela Covid-19 nesta quarta-feira (3): foram 1.840 óbitos em 24 horas, segundo o consórcio de veículos de imprensa . Se anteriormente, cerca de 1.700 mortos no mesmo período já tinha sido assustador, o que dizer desse crescimento que, dia a dia, põe os brasileiros em estado de alerta? As estatísticas que há poucas semanas traziam cerca de mil mortos por dia, praticamente dobraram, fragilizando ainda mais os sistemas de saúde.

Se há pouco tempo vozes dissonantes ainda primavam pelo negacionismo - ora insistindo na pouca gravidade da doença, ora dissimulando a realidade de corpos sendo enterrados de norte a sul do país - agora com números cada vez maiores e a Covid atingindo pessoas próximas - como tios, avós, pais e filhos - não é mais possível disfarçar a gravidade da situação.

Exaustos, profissionais de saúde apelam para que as pessoas sigam os protocolos de proteção contra a Covid-19, sendo que o isolamento social está entre os principais quesitos que devem ser levados em conta, tendo em vista a experiência de outros países que conseguiram controlar o número de contaminações por algum tempo, após o lockdown, embora tenham sofrido depois com novas ondas porque um vírus, até há pouco tempo desconhecido, não é um inimigo que pode ser vencido a curto prazo.

Em meio aos caos do serviço hospitalar, fica cada vez mais evidente que ou a população se preserva ou os 1800 mortos da última estatística podem dobrar de novo.

Enquanto a vacina não chega para todos, o isolamento social e os cuidados básicos como o uso de máscaras e do álcool em gel, são a única resposta que podemos dar a uma doença que já é vista como um dos flagelos do século. Faltam leitos nos hospitais de todo Brasil e em Londrina não é diferente: na quarta-feira, 50 pacientes contaminados pela Covid aguardavam por um leito no HU, considerado um hospital de referência. Além dos leitos, é preciso ter ainda respiradores e, aqui mesmo no Paraná, o secretário da Saúde Beto Preto informou no início da semana que o estado só tinha mais 17 respiradores na reserva técnica.

Daqui para a frente, a esperança será a vacinação em massa e a notícia de que o Senado aprovou nesta quarta-feira um crédito de R$ 2,5 bilhões para a compra de vacinas para adesão ao consórcio Covax Facility - criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) junto com outros instituições - é um alento. Esse montante será o suficiente para que 10% dos brasileiros sejam vacinados.

Da mesma forma, cerca de 300 municípios brasileiros também assinaram um termo para adquirir vacinas com recursos próprios por considerarem insuficientes as doses enviadas pelo Ministério da Saúde. Londrina é uma das cidades que participam deste consórcio que engloba outros municípios paranaenses.

Enquanto as vacinas não vêm e tendo em vista que apenas cerca de 3% da população já foi vacinada, devemos somar forças e vozes em torno dos cuidados básicos que podem livrar parcelas significativas da população de uma doença devastadora. Uma vez vivos, haveremos também de somar esforços para buscar caminhos na micro e na macro economia durante e na pós-pandemia. Por ora, resta lutar pela sobrevivência na acepção literal do termo porque o que estamos assistindo não é um filme de ficção, mas um dos momentos mais tristes do mundo contemporâneo que exige força, sabedoria, solidariedade, ciência, esperança e fé.

É isso que a FOLHA deseja aos seus leitores nesta travessia!